2005-01-03

 

AS PRESSÕES

Num destes dias ouvia Carlos Pimenta recordando os anos como Secretário de Estado do ambiente no Governo de Cavaco Silva. Referia-se às conversas que habitualmente mantinha com os seus secretários-gerais quando estes se queixavam das fortes pressões a que eram sujeitos. Dizia Pimenta que o problema das pressões não está em quem as exerce, mas apenas na forma como estas são encaradas por quem representa o poder público.
É uma constatação óbvia, lamentavelmente esquecida.
A pressão decorre da defesa dos interesses, pretensões e reinvindicações. Quando efectuada dentro da legalidade é legitima e até desejável.
Todavia, nestes dias perigosos de preparação de listas e de campanhas, os partidos estão a hipotecar, todos os dias, a capacidade de resistência às pressões.
Todos preparam campanhas carissímas em estilo “hollywoodesco” com profusão de bric-a-brac e propaganda vária. As elevadas verbas serão conseguidas junto de “organizações” que “apoiarão este esforço em prol da democracia” - acumulando créditos que, naturalmente, utilizarão no futuro.
No afã de garantir uma “onda” de apoio junto da “sociedade civil”, não vão regatear esforços para conseguir apoios junto dos clubes de futebol, sindicatos, ordens profissionais, associações de classe, e outras “entidades”, comprados com os inevitáveis “compromissos”.
A campanha eleitoral reeditará os tradicionais concursos de promessas em que tudo (talvez menos a lua) será garantido se, claro, a cruzinha for colocada no sitio certo.
No final, o vencedor carregará o peso das promessas e dos compromissos (acaso, os próprios representantes dos interesses) para dentro do poder público.
Entretanto, os chamados “agentes políticos”, de onde virão muitos dos futuros responsáveis, são profissionais da política, na sua maioria, sem curriculum fora desse mundo estranho de sinecuras e cargos de nomeação. Têm uma “carreira” que muito prezam e não a vão agora arriscar em nome desse vago “interesse colectivo” ou das exotéricas “reformas”.
Dificilmente conseguirão (ou quererão) resistir às pressões. Seria acabar com a sua base de sustentação.
Enquanto este estado de coisas não for invertido, receio bem que nada de verdadeiramente substancial será alterado.

Comentários:
A sua ideia do “patamar dos famosos” induz uma nova criação no âmbito literário quiçá um novo modelo de “Olimpo Grego”, é uma ideia com potencial. Esta é uma realidade que não é de facilidade mas de facilitismo nas varias dimensões do social. A Glória, é o social reconhecimento pelo mérito e em especial pelo valor de uma carreira foi afogado pela fama que tudo torna mais fácil até o efémero da mesma. Sobre Santana Lopes você é milimétrico. Agradeço a sua referência. No que concerne a abordagem de “fazer o bem” deixo um texto antigo (com algumas alterações) que lhe responde para já a “ óptica da religião”.

Ferramentas de Vida
Ainda não sei quando comecei a compreender que já não chegava a convicção para ancorar a palavra Acreditar, pensei apoiar-me na esperança mas para quem as convicções eram uma corda que se trilhava nos dias, esperança era algo de substancialmente ingénuo, quantas vezes morreu a esperança? Para auxiliar a Convicção, o recurso teria de ser da ordem do metafísico. Encontrei-me com a Fé e fiquei solitariamente agastado por recorrer a algo perto do Divino para apoiar a minha mais preciosa palavra. Eu que nunca tive “jeito” para acreditar em Deus, tenha Ele a forma, a personificação e afins que lhe queiram atribuir e definitivamente nem sequer nunca olhei para um homem, um ser tão imperfeito, como sendo Deus, acabei por Acreditar que algo é transcendente a nossa compreensão para lá do conhecimento intemporal e que é passível de ter a moldura do divino, sem personalização (conceito próximo do Espirito Santo de Agostinho da Silva) e desta forma apoiei-me na Fé. Sendo apenas um recurso para ancorar a Convicção quando nos divorciamos dos dias e os vemos afundarem-se nas tempestades, formando enxurradas que levam no seu turbilhão pertences do coração, como pequenas virtudes que estimamos, gestos que encantam ou aquela elevação que ansiamos e não encontramos.
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