2005-01-17

 

DÚVIDAS E INQUIETAÇÕES

Face ao que temos vindo a reflectir neste espaço somos confrontados com a questão magna: como mudar? Que fazer perante este desespero que nos aperta perante o estado comatoso que observamos na política caseira?
A entrevista notável de José Gil na edição de ontem da revista do Público ajuda-nos a compreender melhor um pouco de nós, e lembra-nos a dificuldade que temos em discutir os nossos problemas, tolhidos que estamos pelo medo (um medo irracional como refere) e pelo fuga constante ao conflito. Talvez seja esta uma das muitas razões para a situação a que chegámos. Tal como sublinha Pinderico no seu oportuno comentário, resta-nos um poder que não é negligenciável: a denúncia constante e a intervenção pública. Aliás, a blogosfera constitui um extraordinário espaço de intervenção, onde subitamente várias vozes têm feito valer a sua opinião e promovido um debate vivo e intelectualmente estimulante provando que existe vontade (e capacidade) para um olhar mais atento sobre o que nos rodeia. Com a intervenção regular e incisiva poderemos contribuir (modestamente é certo) para levantar as expectativas e, sobretudo, as exigências.

Que o estado a que chegaram os partidos políticos é a mostra de uma desgraça que não poderá trazer nada de bom ao país parece-me de reconhecimento unânime. A questão é saber como se poderá alterar este estado, sabendo que as soluções apresentadas por António Barreto ontem no Público (dando, de resto, sequência a outras vozes) implicam a alteração profunda dos partidos políticos tal como os conhecemos.
Confesso que tenho mais dúvidas e inquietações do que certezas!

Comentários:
É uma boa entrevista, onde o pensador coloca, suavemente, o dedo nas diversas feridas nacionais.
O facto de a "inveja" ser um sistema dá que pensar.
Sem dúvidas, uma boa e recomendável leitura.
 
Caro Luís,
Lamento ter de discordar dos seus elogios à entrevista de José Gil. Os motivos apresentei-os no Alma Lusíada, sem pretender desmerecer no Filósofo. Nem teria competência para isso. Mas, como «livre pensador» tenho o meu direito de dissentir da opinião eventualmente maioritária. Acho-o na entrevista muito vago e lamuriento. E como também já tenho escrito noutros locais, Portugal tem excesso de diagnóstico e défice de acção terapêutica. Primeiro, pensar, certamente, para definir a situação em que nos encontramos - fase de diagnóstico - mas depois agir, sem prolongar demasiado o diagnóstico, coisa paralisante, que gera incapacidade e no final frusta e conduz ao desinteresse. Daqui ao conformismo, vai um passo de um anão.
 
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