2005-04-29

 

CHINA - POTÊNCIA POLÍTICA

O Financial Times publicou, na sua edição de ontem, uma intrigante fotografia: ocupando metade da página surge um enorme empilhador com pneus de ... madeira. Parecendo um pequeno “fait-divers” é mais uma evidente prova do poder crescente de um país.
Muito simplesmente, a China tem registado uma impressionante procura de matérias-primas, provocando um excessivo desequilíbrio no mercado mundial.
O movimento tem sido de tal forma avassalador e inesperado que nao foi, sequer, acautelada a existência de stocks mundiais de pneus, por exemplo.
Perante esta míngua, marcas como a Volvo ou Caterpillar estão a ser forçadas a entregar os seus veículos industriais com rodas de madeira prometendo a entrega dos pneus mais tarde ou aconselhando os seus clientes a procurar, eles próprios, os necessários pneumáticos.
É apenas um pequeno exemplo. O mesmo se passa, neste exacto momento, com o petróleo (registando um preço em alta há meses e que assim continuará), com os metais e quase todas as matérias-primas.
O gigante acordou.
Ninguém tenha dúvidas: a este crescente poder económico, seguir-se-á um poder político dominador e imperial (veja-se a recente “crise dos livros escolares” com o Japão e respectivo pedido de desculpas nipónico).
Preocupante, muito preocupante, é pressentir este poder aumentando desta forma, numa ditadura, entregue a gente que desconhece, totalmente, os valores democráticos.

Comentários:
Tiro certeiro! Há uma certa ligeireza, até mesmo leviandade, com que se aborda a problemática da China, e confesso que não entendo a causa de tanta despreocupação. Contudo, vislumbra-se ao longe uma nuvem negra que rapidamente se pode tornar num violento furacão. Um post muito oportuno e que pôs o dedo no essencial da ferida!
 
É, de facto, muito preocupante. A todos os níveis. Não só pelo novo e desregrado poder da China, como também pela despreocupação com que a bem pensante Europa encara este "gigante acordado".
 
O tema "China" é apaixonante. São as preocupações que muito oportunamente põe em destaque, mas também o desafio que constitui para a Europa a abertura de um mercado com aquela dimensão e, por razões de reciprocidade, o nosso pavor ante a invasão que há tanto se adivinhava.
O que é curioso é que nos comportamos como se nada disto fosse esperado. Cá pelos nossos lados esbanjamos fundos comunitários em "fachada" e pseudo formação profissional, e deixamos que a nossa indústria têxtil mantivesse a aposta na mão-de-obra barata. Agora, desesperados, apelamos ao recurso às cláusulas de salvaguarda e receio bem que, com isso nos limitemos a adiar o problema.
Gostaria de ver analisadas em pormenor as várias vertentes deste tema, nomeadamente os previsíveis efeitos da maior ou menor abertura do mercado europeu sobre o próprio regime chinês, mas não vejo que tenhamos condições para aceitar grandes sacrifícios em prol dos direitos sociais do trabalhador chinês.
Este seria um excelente e utilíssimo desafio para a abnegação de quem, para tal, tem o engenho e a arte.
Que lhe parece?
 
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