2004-12-16

 

A DESCOLIGAÇÃO II

Uma leitura rápida pelos posts deste blog tão recente fez-me corar de vergonha, nos últimos dias dois personagens têm garantido lugar cativo: Portas e Santana.
Assim de repente é como se o Mundo na sua vastidão de interesses e observações fosse concentrado em torno destes tão improváveis protagonistas. Ainda que me penitencie por tal, seja reconhecida uma atenuante. A verdade é que foi dado a estes senhores uma preponderância que não merecem.
Preocupam-me as consequências de os termos, acompanhados pelos seus séquitos, a pretender ocupar o espaço mediático criando para tal “factos”, “oportunidades”, inaugurações, visitas, reuniões, almoços, entrevistas, tudo apimentado com uma “fuga” para as redacções, forma de garantir a necessária “cobertura” da comunicação social. São criadas novelas (coligo, não coligo) inventam-se novos “motivos de interesse”. Assinam-se acordos amigáveis de não agressão. Prometem-se novos contratos, novas compras de material bélico, anulam-se visitas, confirmam-se viagens. Aproveitam a sua efémera posição governamental para impor a sua presença.
Com tudo isto, a sua imagem torna-se quase uma presença habitual. Quando damos por nós temo-los ali sempre emoldurados pelo “olho mágico”, a familiaridade vai-se consolidando numa visita diária. Empurrados pela continuidade vamos associando estas figuras aos “políticos”, inconscientemente ocorrem-nos os seus nomes como se fossem marcas comerciais. Tal como utilizamos a expressão comercial “Black & Decker” para substituir berbequim, estaremos em breve a falar de Portas ou Santana para identificar algo no campo político.
Duas personagens menores foram alcandoradas para o palco, vão querer manter-se por lá, custe o que custar. Não vão regatear esforços, lutarão entre eles, farão a marcação um ao outro em todos os eventos governamentais.
Mais grave, farão uma impúdica e hipócrita defesa “dos mais pobres”, “dos que não têm voz”, projectar-se-ão como os defensores do país ante os interesses obscuros que o rondam em apetites de banquete. Serão tão excessivos e maçadores, que à força de tanto o repetirem tornarão banais, não só a sua imagem, mas sobretudo aquilo que dizem defender.
No final terão dado o seu contributo, ajudando a baixar (ainda mais) a fasquia da exigência para níveis desgraçadamente baixos que serão tomados como os “habituais”.
Portas e Santana não são os únicos, serão apenas mais demoniacamente excessivos.

Comentários:
Quero-lhe agradecer o comentário que deixou.
Temos que promover a desconstrução desta realidade e elaborar propostas coerentes com os objectivos nossa vivência em comunidade.

Cumprimentos

Lagrima.blogs.sapo.pt
 
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