2005-09-30

 

TAMBÉM EU!


tirado de: Bandeira ao Vento

2005-09-29

 

"...é fazer as contas" em versão revista e actualizada...

... aqui num imperdível texto (ver com atenção as imagens) no TUGIR.
 

BRINCAR COM O FOGO

O que se está a passar na campanha eleitoral para a Câmara do Porto é preocupante.
A forma como Rui Rio foi ontem recebido no bairro do Aldoar é simplesmente inaceitável!
Afigura-se óbvia a existência de manipulação para criar a sensação de ódio e repulsa em relação a Rui Rio - dir-se-ia que a repetição da vergonhosa saga "super dragões".
Rio, por seu turno, parece tentado a perseguir desesperadamente a sua “Marinha Grande”.
Perante estes desenvolvimentos, Francisco Assis (até por ter sido, ele próprio, vitima deste tipo de aviltamento) deveria ter condenado de uma forma inequívoca estes comportamentos vis.
As candidaturas parecem estar dedicadas a participar numa espiral doentia, jogando com a exaltação das gentes e com o seu efeito mediático. Acicatar os ânimos dos “populares” constitui uma “arma” perigosa e letal. No Porto, andam a brincar com o fogo…

2005-09-28

 

VALE A PENA LER...

... O blogue Dolo Eventual e perdermo-nos na leitura dos estimulantes textos "pelos caminhos de Portugal" sempre devidamente ilustrados.

2005-09-27

 

LEVANTAR VOO

O investimento na construção do novo aeroporto na Ota, animou (anima) acesas discussões, prevendo-se para breve a publicação dos “estudos” que lhe serviram de base. Enquanto o país aguarda ansioso essa revelação, o senhor Secretário de Estado do Turismo abriu a porta do seu amplo gabinete para permitir a entrada dos jornalistas. Com um gesto profissional indicou o sofá, sentando-se em seguida. Estava animado, a “cacha” que tinha na manga faria dele a vedeta do dia das notícias em que a entrevista fosse publicada. No momento certo, avisou: "até final de Novembro Lisboa vai ter aeroporto para as 'low-cost'"
Ora, a oportunidade desta declaração constitui um mistério. Tratando-se de uma entrevista, não se pode alegar um qualquer “lapsus linguae”, ou uma “citação desenquadrada do contexto”, logo, as afirmações foram intencionais, deduzindo-se que pretendendo atingir um objectivo. Qual?
Sendo verdadeira a intenção do governo de construir (ou adaptar) um aeroporto para as companhias “low-cost” não se compreende por que se escolheu o Secretário de Estado do Turismo para o anunciar, não se compreende, igualmente, a má reacção do Ministro das Obras Públicas quando confrontado com o teor da entrevista. Também resulta incompreensível esta comunicação quando não está elucidada a opção OTA.
Se porventura esta intenção não é verdadeira deverá ser de imediato desmentida, sob pena de acentuar uma imagem de descoordenação.
É bom que o ministro da economia esclareça o alcance das palavras do seu Secretário de Estado a não ser, claro, que se sinta confortável neste desorientado voo.

2005-09-26

 

CHAMEM A POLÍCIA

O processo inventivo de personagens menores decorre em velocidade pouco moderada. Aproveitando o caldo criador, o solo fértil e generoso desta pátria em arrastada crise de valores e de referências, surgem, quase diariamente, novidades do grotesco.
Entra-nos agora pelas tardes e noites das notícias, um repetente. Traz debaixo do braço a polícia, diz representá-la, afirma: “99% dos polícias estão em greve de zelo, andam a fazer figura de corpo presente”. Este mesmo senhor garante pertencer ao Sindicato dos Profissionais da Polícia, o mesmo que já antes havia ameaçado cortar a ponte 25 de Abril, o mesmo que encabeçara a manifestação onde se ouviram dos mais torpes impropérios ao ministro da administração interna.
Este senhor chama-se António Ramos e anda, euforicamente, a destruir uma instituição “que tem por funções defender a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, nos termos do disposto na Constituição e na lei.”

 

OBVIAMENTE

Manuel Alegre não será sancionado pelo PS.

2005-09-25

 

CANDIDATO

Manuel Alegre assumiu ser candidato a Presidente da República.
Fez bem, ainda que tardiamente.
Na verdade, teria ganho “momentum” se houvesse apresentado a sua candidatura em Viseu. Durante estas três semanas, Manuel Alegre deixou-se vogar num mar de incertezas, desmentidos, queixas e azedumes, de palavras pouco ou nada claras, que não lhe faziam justiça.
Todavia, retomou o fio à meada.
Percorre já o seu caminho, sigo no seu encalço.

2005-09-23

 

UMA VERGONHA TRADUZIDA EM NÚMEROS


2005-09-22

 

PROCURAR NA BLOGOSFERA

O Wall Street Journal dedicou um artigo aos sitios para pesquisa de blogues. Na interpretação daquele jornal, começou uma corrida entre a Technorati, Feedster e Icerocket para ganhar o estatuto de Google da blogosfera.
O crescimento deste meio é impressionante. Em cada cinco meses duplica o número de blogues identificados pela Technorati, não existindo indicações fiáveis quanto ao seu número exacto.
Em Julho, a Technorati registou 642.000 visitas. Apesar de constituir apenas 1% do tráfego do Google no mesmo mês, representa ainda assim, um crescimento excepcional.
A blogosfera vai ganhando dimensão e força.

2005-09-21

 

O RETRATO DO PAÍS QUE SOMOS

A senhora D. Fátima decidiu pôr cobro à sua despudorada fuga, usufruindo uma oportuna imunidade, para se dedicar comodamente à sua campanha.
Deixando, por ora, a análise em torno da bondade do legislador, este episódio garante apenas a continuação da imensa farsa em que teimamos transformar este Portugal sofrido que somos.
O simples facto de coleccionarmos candidatos com sérios problemas judiciais, já por si diz muito acerca da total ausência de ética e dignidade destes senhores e senhoras. Mas, o que traça, indelevelmente, o retrato de um povo, de um país, é o apoio maioritário que a população aparenta oferecer a estes candidatos.
Perguntar-se-á porquê. Estarão todos dotados de uma espécie de magia encantatória, terão sido responsáveis por “obras” tão destacadas e meritórias, terão contribuído de tal forma para a melhoria das condições de vida das gentes, que mereçam esta demencial dedicação?
Receio bem que a resposta seja mais simples, ainda que preocupante.
A nossa sociedade aparenta conviver mal com os percursos difíceis, com o rigor e trabalho. A coberto da mítica “capacidade de desenrasque” tentamos convencer-nos que fomos abençoados com dotes extraordinários que nos permitem encontrar sempre o caminho mais fácil. Os generosos (que não desinteressados) “apoios” de Bruxelas ajudaram a confirmar este quadro espantoso de um povo que, subitamente, descobre a quadratura do círculo. Em Portugal, tudo tem um atalho, uma cunha, uma “facilidadezinha”, um envelope, uma espécie de oração: “não há-de ser nada”. Os problemas e dificuldade são “empurrados com a barriga”, esperando uma milagrosa solução, no interim, reinam os “chico-espertos”, aqueles que aparentemente são dotados de uma bússola natural, uma imunidade aos valores e probidade que lhes permite sobressair neste desgraçado lodaçal.
Não surpreende, por isso, a existência destas criaturas, não espanta que se candidatem, não admira que lhes seja perdoado um ou outro “desenrascanço”, tão-pouco os seus putativos resultados eleitorais. Muitos dos seus eleitores projectam nestes candidatos a sua própria imagem, revêem-se neles, não lhes encontram nada de verdadeiramente censurável.
Justamente por isto, não constitui novidade que nos transformemos, progressivamente, num país sempre pronto para “desenrascar” qualquer coisinha, desfigurando-se, convictamente, numa farsa.

2005-09-19

 

ESTÓRIAS ÍNFIMAS (III)

Estavam todos sentados na grande sala, aguardando o momento da chamada. Cumprirão, com profissionalismo, um esgotante horário de trabalho, reagindo com precisão às alarvidades do apresentador televisivo, respeitando as indicação das placas exibidas pelo assistente de realização.
Representam a versão revista e modificada das carpideiras. Tem graça que fale nas carpideiras, nunca me pediram para chorar, diz um dos profissionais das plateias, aqui mesmo ao lado, passeando a mãozinha pelo queixo como se convocando memórias outras, procurando talvez a confirmação da sua estranheza, interrompe-o um colega que lhe relata a sua experiência, num “programa dos velhos tempos” quando se juntavam pais, tios, avós e primos perdidos e achados, emoção a rodos, o que eu para ali chorava, valha-me Deus! Tomava a palavra o outro, que se gaba ser actor, pois que tinha representado “com muita convicção” o papel do malandro vigarista lá naquele programa da televisão, pá como se chamava aquilo, tu queres ver que me esqueci? Que se lixe, aquilo foi tão bem feito que a malta conhecida pensava que era verdade, imaginem lá os outros... uma coisinha do outro mundo!
Segue aquela senhora que nos arrasta para os directos na televisão a preto e branco, inundando a sala com a projecção de nomes de artistas vindos lá do baú onde os tinha guardados. Abria, à nossa frente, uma caixa de Pandora da memória. Assim, de repente, entravam pela sala toda a espécie de cantores presos a microfones, enleados em fios intermináveis, ameaçando o equilíbrio dos mágicos que traziam cartolas, coelhos e assistentes com ousadas farpelas, deixando perceber um ou outro tornozelo. Na confusão ouvia-se o tilintar dos grossos fios de prata dos cavalheiros, coisa que divertia muito o Topo Gigio, já entradote, queixando-se do reumático. Alguém que gritava lá fora, deixem entrar o trio Odemira, outros que se revoltavam, não dá, o tipo do restaurador Olex não se decide, diz-lhe para afastar a Famel e empurra aí o gajo da pasta medicinal Couto. Atenção, que vem aí o Luís Pereira de Sousa com o Júlio Isidro, anunciava em pânico o que se sentava junto à porta.
Armava-se já um burburinho de meter respeito.
Fechem-me essa caixa rapidamente, ordenava o contínuo no meio da confusão.
Toca a mexer, que o espectáculo vai começar!

 

O "PÚBLICO" ERROU...

... ao ter apostado na revista “Dia D” para relançar a informação económica.
A “Dia D” surge como um sucedâneo da revista “Xis” (já de si paupérrima), muito levezinha, abusando dos inenarráveis artigos “como fazer..., como ser...”, recorrendo aos repetidos “como fazer uma apresentação em público” e "como negociar o seu salário", talvez os mais inevitáveis “recursos” em qualquer folha com uma ligeira sugestão de Economia e Gestão.
O tratamento da informação económica já não era brilhante no jornal, agora, recorrendo a um produtor externo, o “Público” não foi capaz de alterar esta lacuna.
Veremos o que nos trarão os próximos números. Pela amostra, fica a sensação que a “Dia D” talvez não chocasse muito se fizesse parte do “24 horas”, no “Público” é evidentemente um erro de “casting” e uma brincadeira de mau gosto.

2005-09-18

 

VALE A PENA LER...

O renovado Sentidos da Vida de J. Mário Teixeira e determo-nos nas excelentes séries "Cromos de Outrora" e "Alma Lusa".

2005-09-16

 

O GRAU ZERO

Carmona e Carrilho transformaram as eleições autárquicas de Lisboa numa questão pessoal. Fazem mal, muito mal.
No final do confrangedor debate de ontem na SIC Notícias (a fazer fé no relato da TSF), o Senhor Manuel Maria Carrilho terá deixado Carmona de mão estendida, aguardando o cumprimento que não chegou, Rodrigues, aparentemente, retribuiu com uma elegante e respeitosa observação.
A inaceitável atitude cívica de ambos, funda-se em algo mais profundo do que a falta de urbanidade. Carrilho e Carmona são actores de uma desgraçada telenovela mexicana, com profusão de bric-a-brac e horroroso argumento, apresentando-nos uma etapa outra do debate político: o grau zero.
Cada um destes senhores, deixando-se enredar em questíunculas pessoais - ritmadas por torpes insultos e linguagem soez - fez o favor de contribuir para a vulgata contra os políticos. Estas duas criaturas, deram mais uma achega para o descrédito da política e dos políticos (e concomitante enfranquecimento da democracia) acrescentando argumentos para a inaceitável confusão existente entre epifenómenos políticos (como o são estas alminhas) e a gestão da coisa pública. Também por isso, nenhum deles merece ganhar as eleições.

P.S. Ontem, ouvindo o debate, estou certo que muitos sentimos a indomada vontade de lhes dizer isto.

2005-09-15

 

SEGUIR EM FRENTE

Mário Soares entretém-se a perorar sobre perfis, envencilhando-se, progressiva e inexoravelmente, numa campanha que não será outra coisa do que a sombra de um “papão”. Cada dia que passa resulta claro que Soares não é capaz de encontrar um fio condutor que o aparte desta doentia fixação em Cavaco Silva.
Entretanto, Manuel Alegre veio anunciar que ainda não é uma carta fora do baralho.
O jogo de palavras em que Alegre parece estar enredado não lhe faz justiça. Não pode desbaratar um capital de credibilidade, insinuando algo hoje, afirmando amanhã o seu contrário. Manuel Alegre necessita ser claro, definitivo. Tal como disse aqui, deve concluir aquilo que já iniciou, deve dar resposta cabal às palavras frias, duras, verdadeiras, que proferiu em Viseu no final de Agosto.
Avançando, poderá constituir-se como verdadeira alternativa à esquerda. Avançando, poderá dar voz a tantos que não se revêem nesta deriva isenta de afectos, de grandeza. Avançando, poderá devolver-nos a esperança.

2005-09-14

 

GRANDES EMPRESÁRIOS

O senhor Ludgero Marques tomou ontem posse como presidente da Associação Empresarial Portuguesa. A cerimónia certamente não constitui novidade para quem a enfrenta pela oitava vez. Num profícuo exercício de renovação, aquele ilustre homem de negócios prepara-se para comemorar 24 anos à frente da associação nortenha.
Em declarações ao Jornal de Negócios, o eterno presidente explicou o mote do seu novo mandato: “Lisboa deve ficar mais pobre para o Norte ficar mais rico”.
Esta frase, diz tudo sobre a forma como o senhor Marques e os seus pares iluminados vêem o mundo. Naturalmente, quando refere “Norte” não está tomado por uma abnegada campanha em prol de todos quantos habitam na região. Não, naquele “Norte” deverá ler-se, “empresários do Norte”.
E como entende o senhor Ludgero que se deverá aumentar o pecúlio (deduz-se que ínfimo) de toda essa classe de desprotegidos e carenciados “empresários do Norte”? Evidentemente, tornando Lisboa mais pobre! Esclarecedor.
No dia da sua tomada de posse, o senhor Ludgero Marques não foi capaz de falar do papel fundamental dos empresários, não foi capaz de falar do que podem e devem fazer, não foi capaz de mostrar a valia dos seus projectos, o brilho da sua capacidade de iniciativa. Nada.
O senhor Ludgero foi apenas capaz de proferir uma indecorosa frase, traduzindo o vazio de ideias criativas, espelhando a falta de competitividade e rasgo, explicando muito da nossa falta de “produtividade”, mostrando, afinal, como são pequeninos estes "grandes empresários".

2005-09-13

 

ESTÓRIAS ÍNFIMAS (II)

Tinha passado toda a manhã juntando as peças no tabuleiro que havia adquirido. O xadrez tornara-se uma obsessão, investindo no jogo todo o tempo disponível, entretendo-se na silenciosa e solitária congeminação de jogadas perfeitas.
Parecem-lhe tão longínquos os tempos da bisca lambida, coisa simples demais para uma mente que se julga superior.
Num caderninho azul escreveu minuciosamente os movimentos das peças. Com parcimónia, foi executando a estratégia que havia delineado há anos. Nem sequer a proximidade do grande momento modificava a sua olímpica frieza. Sabia que se impunha a antecipação de todos os lances adversários, jogar ao ataque - conhecida estratégia defensiva.
Tinha reservado o melhor para o final. Explicando, com profusão de pormenores, todos os tostões, todas as rendas, recebidas mensalmente, esvaziando qualquer tentação posterior de “almas malévolas”. Concluindo com o envio do textozinho, revisto e actualizado, para esconjurar demónios.
Ali estava, sentado na sala, divertindo-se com o resultado (esperado) das suas jogadas, saboreando o doce embalo da viagem às costas que os seus oponentes lhe proporcionam. Está visivelmente satisfeito, saboreando um gosto antecipado, o mesmo que deixa um nó na garganta, uma tristeza, por o ter deixado sózinho a jogar no tabuleiro da nossa imensa angústia.

 

ESTÓRIAS ÍNFIMAS (I)

Considerava-se um exímio condutor, sentia-se um rei ao volante, dentro da viatura o mundo era dele, controlando o destino da viagem ao sabor da sua vontade.
Gabava-se da sua falta de orientação. Nunca tinha sido capaz de ler convenientemente um mapa, confiava no seu instinto, seguia tantas vezes pela estrada, sem destino.
As memórias dos tempos maiores ocorriam-lhe com frequência inusitada, dava por si perdido na recordação das corridas, da velocidade, das multidões que o festejavam nas bermas, das comemorações de tantas vitórias. A falta daquela adrenalina desesperava-o.
Ainda há pouco tinha garantido estar parado, tinha assegurado que era desta, chegava de tanta condução. E eis que se acha já na estrada.
Concentra toda a atenção no asfalto, carrega no acelerador, sente já a excitação da velocidade, crescente, exagerada. Segue em frente na estrada que o levará, desta vez, a lado nenhum.

2005-09-12

 

in: Bandeira ao Vento

2005-09-11

 

ESTIMULAR O DESAFIO

0 Luís Novaes Tito insurge-se aqui contra o que considera ser uma "caça às bruxas", a respeito do desafio lançado pelo Paulo Gorjão.
Convém sublinhar que o Abnegado associou-se à requesta, sobretudo depois de esta ter ganho um maior fôlego, não se quedando pela simples análise de eventuais casos de nepotismo.
Não discordando, na essência, do Luís quanto aos perigos de uma iniciativa deste género, considero, ainda assim, muito relevante a proposta de escrutar os partidos.
Contudo, julgo que seria importante relembrar uma outra ideia, lançada por Jaime Gama em Junho deste ano. O presidente da Assembleia da República, visitando O Grande Oriente Lusitano, propôs a obrigatoriedade de revelação das filiações para quem ocupe cargos de responsabilidade.
Assim, lanço um repto: acrescentar à proposta de criação de «uma lista das estruturas partidárias nacionais e regionais dos grandes partidos do poder – Distritais do PSD e Federações do PS – com identificação dos cargos de nomeação partidária dos seus membros, agora e no passado» a(s) maçonaria(s) e a Opus Dei. Podendo, mais tarde, alargar o desafio para tentar identificar os "interesses" em Portugal, quem são os seus rostos, o que e quem defendem, etc.

2005-09-10

 

PARABÉNS

Ao Luís Silva e companheiros, pelo primeiro aniversário do Office Lounging. Contem muitos!
 

DESAFIO ESTIMULANTE

... este - entretanto (bem) revisto - , oportunamente lançado pelo Paulo Gorjão.
No nosso país não será, por certo, difícil encontrar, e mencionar, diversos casos. Muito interessante será a sua identificação e análise na blogosfera. Mais uma razão para este blogue se associar à excelente iniciativa do Paulo - autêntico serviço de utilidade pública.

2005-09-08

 

A IMPLOSÃO E A MISÉRIA DE ESPÍRITO

Neste dia, nesta quinta-feira, as televisões julgaram ter feito parar o mundo. Nas salas de direcção de todos os lusos canais, Suas Excelências decretaram solenemente: o universo cessará a sua actividade, concentrar-se-á na península de Tróia. E o primeiro-ministro acreditou, e os ministros, e os dignitários, e muitos, e as gentes, acorrendo à festa da poeira.
Os directos, programação interrompida, câmaras várias, helicópteros captando o ângulo perfeito.
Nos telejornais, a “explicação”, o detalhe do excitante explosivo, os “jornalistas” descobrindo não ter havido coincidência perfeita entre o gesto do senhor primeiro-ministro e o grande momento, vejamos as imagens: exactamente, caramba!
Os “repórteres” no centro da acção, filmando, ouvindo. A senhora no terraço estava triste, logo ela que fez parte do júri das misses. E as misses de saia, de calça, com óculos e sem óculos. E a festa que se antecipou para permitir “visualizar” o grande momento. E a anciã indignada, pois que os outros vinham de fora e já tinham binóculos, e ela ali sem nada, não há justiça. Não há, de facto, mas há coiratos, e multidão, e um toldo para proteger o sol.
E lá na península, os ministros e o primeiro, os defensores do ambiente, e o senhor Presidente? Onde está o senhor Presidente? Esqueceram-se de o convidar, óh valha-me Deus, que ainda ficamos sem medalhas para a gajada dos explosivos, caraças!
E os apresentadores nos estúdios, curiosos, com vontade de sair, de acompanhar o grande momento, olha lá, como está o ambiente aí? E ela, e ele, que respondem, está magnifico, só gente gira, e o zeze camarinha, convencendo uma donzela (gaja boa como diria no seu charmoso parlar), explicando que aquilo ali, a "ceninha" das implosões, era brincadeira de crianças comparado com o seu saber. Chegava já a lili vinda da outra banda, à sorrelfa, que houve menino que não lhe fez chegar o convite, trazia, enrolada debaixo do braço, uma cadelinha (um amor). A bicha, aflita com a falta de atenção, não foi de modas, lançando uma mijinha projectada que haveria de decorar o pezinho mimoso do convidado da banca. O vigésimo quinto assessor ministerial, na pressa de conseguir um contacto, tropeçando num dos milhentos cabos espalhados pelo chão, teve apenas tempo de se agarrar a uma câmara de tv, logo aquela que estava em directo, e o homem que a segurava, em desequilíbrio, o apoio procurado, a lente em bolandas entrando pela saia da senhora fina, o país partilhando a renda imaculada.
Vinha já o Avelino, distribuindo electrodomésticos, convidando para a implosão maior lá por Amarante “não tarda nada”. As rodas a chiar, anunciando pressas tremendas, descobrindo o major que ajeitava os cabelos “raios me partam se faltava a esta cerimónia, catano”. Alguém angustiado, mãozinha no peito, não queria acreditar que o Scolari estivesse atrasado, estava demorado, explicavam-lhe, pois que não é fácil chegar à península escoltado por traineiras, cavalos, carros, motas e bicicletas, “eles andam aí atrás do homem desde o Euro”. Coitado, desabafava, o do fatinho. Qual deles, perguntava o outro “anda tudo engravatadinho aqui, meu menino”.
E os realizadores na régie, ordenando “aguenta, que ainda só levamos quinze minutos, dá-lhe gás”. E ele que lhe dava, efectivamente, gás - já se sabe, comidas pesadas… E ele que perguntava ao “homem no local”: correu tudo bem, não foi? O outro que lhe respondia, ainda extasiado: coisa "mai" linda!
E o país a inchar de orgulho, virando-se para a “patroa”, vê lá tu Cremilde, se há alguma terra com esta categoria.
E a TVI que desiste ao final de 16 minutos, continuam as outras. É já a SIC que termina ao fim dos vinte minutos. Fica a nossa, de todos, que se mantém no seu posto, exercitando o “serviço público” por mais cinco minutinhos.
O pagode, oficioso e oficial, já nas comezainas. A malta contente, delirante, “parecia a feijoada da ponte, pá!”.
E o país que definha, que implode, que desiste, percebendo que numa quinta-feira, nesta quinta-feira, expusemos ao sol, em Tróia, a nossa miséria de espírito.

2005-09-07

 

DECLARAÇÃO DE INTERESSES

A senhora Barbara Bush decidiu deslocar-se a Houston para visitar as vítimas do furacão Katrina. No Astrodome, a mãe presidencial encontrou muitos residentes em Nova Orleães, que depois de abandonados e após sofrerem agruras indiscritiveis numa cidade em estado de sítio, encontraram ali um precário refúgio.
A senhora ficou “encantada” com o que viu, declarando candidamente que no imenso pavilhão “aquela gente” tinha melhores condições de vida do que antes do furacão, eram afinal, simples “desprotegidos”! (som das declarações)
A ingenuidade e indescritível estúlticia da senhora traduz, no fundo, o pensamento de uma multidão que se auto-satisfaz com o exercício da caridadezinha, que ocupa a ociosidade imbecil na contemplação do recorte das folhas, ignorando a árvore, desconhecendo em absoluto a existência da floresta. Para este conjunto de mentecaptos, a existência traduz-se numa equação que lhes é favorável. Na sua infinita ignorância, entendem que a pobreza, a existência de “desprotegidos”, constitui uma inevitabilidade divina que eles, na sua magnanimidade, ajudam a tornar mais "alegre" oferecendo uma esmolinha aos pobrezinhos. Assim confortam a sua sensibilidade, assim entendem ter reposto as coisas no seu equilíbrio celeste, regressando a casa com a aura de uma alma piedosa.
Lamentavelmente esta gente ocupa o poder nos Estados Unidos.
À luz destas ideias, deste pensar insano, tão singelamente alardeado pela inefável senhora Bush, talvez se compreenda melhor o descalabro humanitário dos dias pós-furacão, talvez se perceba melhor a argumentação dos senhores e senhoras “neo-liberais”.

 

VALE A PENA LER...

...este “retrato”.

2005-09-06

 

POLÉMICO E IGUAL A SI PRÓPRIO

O homem garantiu ontem, de novo, destacado espaço no horário nobre das televisões para desenvolver as suas conhecidas diatribes. Mais uma vez o motivo para a sua presença no espaço público é irrelevante. Valentim Loureiro, aproveita todas as oportunidades para exibir um persistente e rude discurso ( “polémico e igual a si próprio” nas patéticas palavras do Diário de Notícias).
Valentim, esteve longos minutos nos telejornais, fazendo uso do seu elegante estilo, abusando do requinte, nos ataques ao líder do seu partido. Nada de novo.
Os partidos alimentam-se e alimentam estas criaturas.
Promovidos como os homens “sem papas na língua” são utilizados como armas de arremesso, atirados para a frente da batalha, é-lhes dada carta branca para desenvolverem o seu “estilo”. Apoiando-se num discurso vazio, inflamado, recheado de bambochatas, de ameaças e promessas impossíveis, estas almas vão ganhando espaço nos meios de comunicação social, ávidos de gritos e cenas de faca e alguidar. Os protagonistas não desmerecem, cumprem com rigor e profissionalismo o seu papel: esbracejam, esticam o dedo, vociferam, garantem espectáculo. “Engrandecidos” pela popularidade, exigem cargos de relevo (na política e no futebol) à altura das suas necessidades e “capacidades”.
Num crescendo que desafia o dilema do ovo e da galinha, aumentam o seu “peso”, tornando-se "conhecidos". Fazem alarde da sua capacidade de “mobilização” garantindo mediáticos e excitantes “banhos de multidão” à passagem do líder partidário do momento pela santa terrinha.
Não se lhes conhece uma ideia, uma obra de relevo, uma capacidade digna de nota. Apenas e só a sua proverbial truculência, boçalidade e inerente “popularidade”.
Todos os principais partidos promovem estes ditosos e úteis artistas. Tornam-se problemas quando crescem demais e pretendem ganhar pista própria. Resolve-se o empecilho, afastando-os, impulsionando uma conveniente renovação, apresentando “novas caras” que farão uso da mesma cartilha, mantendo o nível elevado e culto dos seus antecessores.
Convictamente, ultrapassámos a vergonhosa tradição sul-americana dos coronéis, desenvolvendo um estilo “polémico e igual a nós próprios”.

2005-09-04

 

A PONTA DO ICEBERG

Recentemente a ONU publicou o relatório “A Situação Social Mundial 2005”, constituindo um retrato tenebroso, patenteando o fosso que se vai cavando, paulatinamente, entre os mais ricos e os mais pobres.
Não se trata sequer de olhar para um Norte desafogado usufruindo os confortos próprios de países ricos em contraponto ao Sul pobre onde se localizam os países carecidos.
A diferença crescente, referida no relatório da ONU, encontramo-la todos os dias nas nações mais desenvolvidas. Encontramo-la nos incêndios de Paris, em Nova Orleães, ali mesmo na esquina do nosso bairro.
Na capital francesa, por detrás das belas fachadas, escondem-se tragédias humanas, escondem-se condições de vida inaceitáveis em qualquer parte do mundo. Alguns dos incêndios que têm tragicamente assolado Paris, atingem comunidades de imigrantes pobres a raiar a indigência, ocupando os espaços que uma burguesia endinheirada abandonou, deslocando-se para áreas mais confortáveis nas cercanias da grande cidade.
Nos Estados Unidos, a mesma tragédia. Em Nova Orleães, apenas os desprotegidos pela sorte ficaram para trás, na impossibilidade da fuga, na falta de recursos. Os dramas humanos que se desenvolvem ante os nossos estupefactos olhos não acontecem num remoto país da Ásia ou África, mas numa das mais importantes cidades do centro do Mundo. Não cabe aqui questionarmo-nos se teria sido diferente a reacção acaso fossem outros os protagonistas da tragédia, mas antes observar a estranha e persistente convivência, nas sociedades modernas e mais desenvolvidas, com este fosso social como se fora inevitável, como se fora aceitável. Não é, não pode ser.
Numa sociedade que vai esquecendo os valores da solidariedade e da protecção dos mais desfavorecidos, numa sociedade que celebra os valores materiais como máxima realização pessoal, numa sociedade que promove o hedonismo de uma forma doentia, não admira que se vá criando um fosso tão profundo entre “uns” e os “outros”.
Não é necessário ser particularmente brilhante para compreender que este tipo de sociedade engendra a sua própria destruição. Em Nova Orleães e Paris, aqui e ali, assistimos apenas ao aparecimento "competitivo" do topo de um imenso iceberg.

2005-09-02

 

ESTICAR A CORDA

Aqui fica o texto da minha coluna desta semana no "Jornal de Negócios" (publicada ontem). Apesar de centrada na gestão e economia, decidi reproduzi-la uma vez que me parece poder adaptar-se bem aos tempos políticos que vivemos:

Dédalo era conhecido como um dos homens mais criativos de Atenas, nele concentrava-se uma exímia capacidade de inovar e uma rara perfeição. Quando o rei Minos, de Creta, decidiu construir um cárcere inexpugnável para aprisionar o Minotauro, recorreu aos serviços do melhor artista grego. Dédalo construiu o labirinto de Knossos, rapidamente erigido como obra-prima do seu engenho. O rei Minos não escondia a sua satisfação pela escolha, nada parecia estragar uma relação que se diria perfeita. Todavia, o espirito independente de Dédalo levou-o a colaborar na fuga da filha de Minos com o seu apaixonado. A ira do rei de Creta não se fez esperar, lançando o arquitecto grego no labirinto que o próprio tinha concebido.
Dédalo sabia que a sua prisão era intransponível e que Minos controlava mar e terra, impossibilitando qualquer fuga. Ainda que aprisionado, a sua mente mantinha-se livre e criativa, não demorou muito até compreender que a salvação poderia ser encontrada no ar. Assim, projectou asas juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, moldando-as pacientemente até que estas se tornassem perfeitas como as dos pássaros. No grande dia, Dédalo e seu filho Ícaro lançaram-se no ar, agitaram convictamente as asas, voando ao encontro da liberdade.
Tal como Dédalo, muitas empresas são colocadas, por clientes poderosos, numa espécie de labirinto. Algumas organizações dominantes concentram toda a sua energia na maximização dos retornos de curto prazo, parecendo ignorar que o “mundo é composto de mudança”. Fazem mal. A esse propósito vale a pena ler um estudo fascinante dos investigadores Christian Rossetti e Thomas Choi, publicada no inicio deste ano na Academy of Management Executive, descrevendo o “lado lunar” das relações de compra no sector da aviação.
No início da década de 90, as empresas de equipamento aeronáutico (Boeing, Airbus, General Electric) decidiram adoptar uma estratégia de “outsourcing” estratégico (redução do número de fornecedores, promovendo parcerias de longo prazo, diminuindo custos e alcançando economias de escala). Sucede que os produtores de equipamento aeronáutico não resistiram à tentação do oportunismo, aproveitando a maior dependência dos seus “parceiros” para os pressionar, exigindo preços mais baixos e melhores condições.
O resultado deste comportamento, deste “esticar da corda”, foi inédito. Encurralados e procurando resistir, os pequenos fornecedores iniciaram contactos com diversas companhias de aviação. Estas, descontentes com os elevados preços cobrados pelos gigantes no abastecimento de peças sobresselentes, abraçaram com entusiasmo a oportunidade de estabelecer relações directas com aquelas empresas menores.
Controlando o conhecimento e a produção, motivados pela indómita vontade de sobreviver, em pouco tempo os pequenos fornecedores criaram estruturas de distribuição mais flexíveis, eficazes e, sobretudo mais baratas, dominando lucrativos nichos de mercado (outrora detidos pelos seus antigos clientes). As empresas de material aeronáutico estavam tão confortavelmente instaladas na exploração dos seus abastecedores, que não dispunham dos conhecimentos, nem de alternativas, para reagir.
Porventura o panorama descrito poder-se-á repetir em muitos outros sectores. Comportando-se como o rei Minos, muitas organizações, ao abusarem da sua posição dominante, colocam os seus fornecedores numa situação limite. Algumas dessas pequenas empresas, tal como Dédalo, serão capazes de encontrar uma solução engenhosa e lucrativa, encarregando-se de fazer notar que a corda, quando demasiado esticada, rebenta - nem sempre a favor dos mais fortes...

2005-09-01

 

NÃO HAVIA NECESSIDADE

Ao longo de todo o dia ouviu-se na TSF a lúcida análise de Mário Soares, explicando com argumentos cristalinos, por que não poderia, nem deveria, candidatar-se de novo à Presidência da República.
Aquelas afirmações persegui-lo-ão ao longo de toda a campanha, assim como a sombra de Manuel Alegre. Soares estará em permanente explicação.
Mário Soares aguardou a “onda de entusiasmo” que pudesse servir de (magra) justificação para uma candidatura que ele próprio tinha esvaziado de conteúdo.
Mário Soares aguardou, mas compreensivelmente a onda não chegou. Não podia chegar.
Ontem, anunciando formalmente a sua candidatura, necessitou informar (com excessivo e enfadonho detalhe) os cargos que ocupou, os livros que escreveu, as actividades que desenvolveu.
Ao contrário do que pretenderá fazer crer, não existe qualquer entusiasmo da sociedade portuguesa em torno da sua candidatura. Ao contrário do que pretenderá fazer crer, a sua candidatura não será de unidade, mas divisão. Ao contrário do que pretenderá fazer crer, não foi obrigado a candidatar-se.
O equívoco que constitui esta candidatura impedirá o seu sucesso. Mário Soares tornar-se-á o grande cicerone da entrada de Cavaco em Belém (e com ele a primeira vitória da direita nas presidenciais).
De todo o discurso sobra talvez o momento mais lúcido, quando referiu ter uma vida tão gratificante que não tinha necessidade de se candidatar. Tem razão, não havia necessidade.

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