2005-07-30

 

MINISTRO OPINADOR

O extraordinário ministro Pinho decidiu seguir a moda iniciada por outros colegas do executivo e escreveu um artigo de opinião no jornal “Expresso” - alguém, um dia, será capaz de explicar os estranhos desígnios que forçam os membros deste Governo a escrever e opinar desenfreadamente nos jornais, sobretudo quando o fazem (como o senhor ministro Pinho) da forma mais inacreditavelmente vazia de qualquer conteúdo.
Sabendo que a população portuguesa torce o nariz à panaceia que nos é apresentada na forma de vistosos investimentos, o antigo administrador do Grupo Espírito Santo, decidiu “explicar” por que deveremos todos estar agradecidos ao Altíssimo por termos a bênção da sua presença no Governo.
O senhor Pinho diz-nos que é bom que nos apressemos com o novo aeroporto e TGV pois que os espanhóis – esses malandros – já fizeram investimentos maiores e já levam 9.000 quilómetros de via férrea de grande velocidade (e Pinho receia que possam chegar aos 10.000).
Entretanto, o ministro consultou a Internet e descobriu por lá excitantes estudos que nos garante serem “sérios” tendo aprendido num deles “que cada euro investido em infra-estruturas de transporte gera 8,1 euros de aumento da produção no longo prazo” para reforçar a “seriedade” o senhor ministro indica inclusivamente a página onde leu estes argumentos que considera definitivos: pag.17.
Provavelmente o governante sente-se muito satisfeito com a “explicação” que deu, certamente parte de férias descansado com a reconfortante sensação de “dever cumprido”. É livre de construir e viver na sua ilusão.
Acontece que o estimável senhor Pinho é um membro do Governo, e as suas ilusões são fatalmente pagas pelos que pretensamente governa.
Esperava-se que o senhor Pinho fosse capaz de explicar convenientemente a validade dos investimentos, subitamente erigidos como aparente desígnio deste Governo.
Os investimentos no aeroporto da OTA ou TGV podem até ser justificados por muitos e bons estudos (tenhamos esse ingénuo pensamento), sucede que o excelso ministro com este inenarrável artigo demonstrou-nos que os ignora por completo!


P.S. Concordo com este repto lançado por José Pacheco Pereira. Gostava, de facto, que o Governo disponibilizasse os estudos sobre a OTA para que os pudessemos conhecer.

2005-07-28

 

VIDA DE LORDE

No Reino Unido, o senhor Hanningfield (conservador e membro da câmara dos lordes), certamente enfadado pelo ocioso cargo que ocupa, entendeu que tinha chegado a hora de exigir ao primeiro-ministro o relato detalhado dos seus gastos com … maquilhagem.
O lorde conservador vivendo num mundo à parte, sentado nos confortáveis assentos vermelhos da câmara alta, não se apercebeu que à sua volta, os britânicos estão mais preocupados com assuntos mais terrenos e inquietantes.
Naturalmente, o eco na comunicação social da sua exigência foi grande, e maior seria se o impagável lorde se lembrasse de exigir o relato da vida íntima do senhor Blair.
Sucede, contudo, que o conservador membro da câmara alta não é propriamente um jornalista estagiário num jornal de escândalos. Na sua ancestral estultícia, o senhor Hanningfield não compreendeu que existe uma diferença grande entre excentricidade abjecta e sentido de Estado. Sem o saber, e ainda comemorando o impacto da sua estupenda “exigência”, Sua Excelência contribuiu, com demolidores argumentos, para esclarecer as dúvidas de quem se questiona sobre a necessidade da câmara dos lordes!

 

VALE A PENA LER...

-O blogue Essa já é velha e ler a série "Lições de Gestão", sobretudo pela moral da história.
-O blogue de Leston Bandeira (recentemente criado) O Romeiro.

2005-07-22

 

FOGUETÓRIO DE MARKETING

Deixo aqui o texto da minha coluna "a alma do negócio" publicada hoje no Jornal de Negócios: (desejo a todos umas boas férias)

A abençoada população de Vale da Silva, em Miranda do Corvo, tomada pelo arrebatamento cívico, decidiu evitar a utilização de foguetes nas festas deste ano para eliminar o perigo de incêndios. Contudo, a comissão de festas foi avisando que o sublime e estimulante efeito sonoro provocado pelas bombardas e foguetes não desaparecerá, sendo substituído por uma gravação de uma hora (!), em CD.
Ignora-se a justificação para o carinho dedicado ao estardalhaço, ao ribombar matinal, capaz de fazer içar da cama o mais relapso dos sonolentos em jeitos desgraçados, em palpitações de angústia. A dúvida justifica-se: o foguetório não confere aos folguedos nada mais senão uma incomodidade óbvia para os habitantes da região e uma acentuada poluição sonora; um ou outro incêndio; e ocasionalmente reclama uma falangeta ou uma falange do “artista” responsável pelo lançamento das canas portadoras dos estampidos. No entanto, não há festejo sem a sua marcada presença. Mistérios.
Nesta especial vocação para o enigmático (que parece caracterizar o nosso tempo) pode ser também acomodada a extravagante habilidade criadora de novos “segmentos” de mercado. O consumidor masculino foi identificado como o mais recente alvo destes autores delirantes. Observando a maior desenvoltura e abrangência dos hábitos de compra dos varões, rapidamente se concebeu um grupo emergente, identificado como “metrossexual”. A coisa foi ganhando corpo e atraiu a atenção de uma multinacional publicitária que lhe conferiu o peso de um “estudo” difundido à exaustão “explicando” as “atitudes e ambições do homem do Sec. XXI”. Munidos das imprescindíveis apresentações “powerpoint”, centenas de consultores trataram de evangelizar o mundo. Estava ali mais uma novidade, mais uma “tendência” que as empresas “não podiam ignorar”. Apesar do entusiasmo, o conceito foi perdendo atracção, havia pois que insuflar variantes capazes de manter a chama viva - chamemos-lhe uma “extensão de linha”. Assim, o “metrossexual” deu lugar a um mais excitante tipo de consumidores: o “tecnossexual” - mais modernos e muito dados às delícias das novas tecnologias.
Neste domínio a concorrência é feroz, o mercado disputado com voracidade à força do lançamento constante de novos “produtos”. Há poucas semanas, uma empresa de publicidade concorrente veio anunciar que afinal existe um outro tipo de consumidores masculinos (deixando perceber que todos os outros estão desactualizados). Procurando inspiração na fauna, notaram que os lobos respeitam uma hierarquia particularmente bem definida. Eis, pois, criada a novidade do ano, devidamente apoiada por mais um “estudo” que justifica os comportamentos e tipologia de consumo dos denominados “machos-alfa”.
Toda esta actividade mantém entretidos muitos profissionais, garante um fluxo regular de assunto, possui, todavia, o valor dos foguetes: ruído de fundo, incomodativo, grotesco e potencialmente danoso para quem lhe der importância.
É bom não se confundir este folclore com segmentação. Na verdade, o marketing já desenvolveu esta estratégia pelo menos desde 1956 quando Wendell Smith publicou no Journal of Marketing o clássico “Product differentiation and marketing segmentation as alternative marketing strategies”, nesse artigo Smith defendeu que a segmentação, para ser útil, deverá ser consistente, relevante e exequivel.
Na grande festa mundial dos “conceitos” e das “tendências” o foguetório não vai parar. Em breve, será criada mais uma definição, outro “nicho” de mercado. Não tarda, lá estará o homem do carrossel cosmopolítico, anunciando: “mais uma corrida, mais uma viagem”!

2005-07-20

 

UMA SAÍDA ANUNCIADA

O senhor Campos e Cunha foi exonerado. Pouco importa saber se por sua opção ou gentilmente empurrado. A questão que se coloca é apenas saber se era sustentável a sua presença no Governo. Não era.
Desde o primeiro dia, teimava manter uma postura de distância, parecendo vogar num espaço outro, fazendo uso da auréola de "técnico" que lhe permitia, volta não volta, deixar passar a sensação de que não corria na mesma pista do primeiro-ministro (que de resto corrigia com visível deleite).
Desde a apressada comunicação da inevitabilidade do aumento dos impostos (ainda antes de tomar posse), passando pelo inenarrável episódio da "reforma dourada" até ao "artigo de opinião", deixou passar um claro sinal de desalinhamento.
A fase particularmente difícil que vivemos exigia (exige) uma irrepreensível solidariedade entre o primeiro-ministro e o ministro das finanças. Manifestamente tal não se verificou e deixa um arrepio.
Sócrates fica mal neste retrato, seja pela escolha, seja por deficiente apoio ou acompanhamento. O certo é que o país observa espantado tudo isto, no exacto momento em que começava uma das mais exigentes e duras provas de resistência.
Entretanto, a escolha do senhor Fernando Teixeira dos Santos, parece-me acertada. Trata-se de alguém com o incontornável registo "técnico" de inegável capacidade, mas também com a imprescindível capacidade política.
O que se espera é a continuação da política que (aparentemente) estava em curso, sem qualquer tipo de tergiversação. O que vale por dizer: garantir que o senhor Jorge Coelho esteja confortavelmente distante do Governo, sem a tentação de aconselhar um oportuno "aligeiramento" da pressão "só até às eleições".
No fundo, a questão que se coloca é saber se Sócrates é capaz de gerir os destinos do País concentrado num rumo, saber se Sócrates tem a fibra suficiente para manter a coragem de seguir o caminho mais difícil, saber se Sócrates é capaz de dizer não. O primeiro-ministro não terá mais nenhuma oportunidade!


P.S. O estimável Manuel da Grande Loja oferece, com regularidade, delirantes teorias de conspirações várias. Sucede que a realidade o deixa muitas vezes a falar sózinho. É a vida caro Manuel.

2005-07-19

 

MINISTROS COMENTADORES

O ministro das finanças decidiu escrever um artigo de opinião, na edição dominical do jornal “Público”, utilizando uma linguagem que se presta a todas as interpretações. Entretanto, o excelso ministro dos negócios estrangeiros optou por um outro registo, acedendo ser entrevistado pelo “Diário de Notícias” deixando, aqui e ali, uma nota de algum desconforto, no mar de elogios que teceu ao primeiro-ministro.

Ambos se dedicaram à estimulante análise (e crítica) da praxis governativa. Ambos se dedicaram, com evidente prazer, ao exercício de observação.

Sucede que ambos são elementos do elenco governativo que decide colegialmente, não são (ou pelo menos não é suposto que sejam) comentadores.

Se o ministro das finanças pretendia "falar" com os portugueses, possui os mecanismos próprios para o fazer na sua condição de membro do Governo. Se o senhor ministro dos negócios estrangeiros entende que deve fazer reparos à acção governativa, deve efectuá-los todas as quintas-feiras com os seus colegas, podendo inclusivamente promover uma edificante (e recatada) sessão de catarse na Presidência do Conselho de Ministros.

Perante estes estranhos impulsos comunicacionais, poder-se-ão ponderar algumas hipóteses: ou são ingénuos e não imaginavam as interpretações que necessariamente teriam as suas palavras, ou estão interessados em deixar passar, subliminarmente, uma mensagem de incómodo, preparando uma eventual saída.

Qualquer das opções deixa profundamente inquieto o pacato cidadão!

2005-07-15

 

UM ESTILO

Os estimáveis franceses oferecem ao resto do mundo o eloquente exemplo da sua venerável decadência.
A direita gaulesa, não satisfeita com a exibição da estranha criatura que concebeu e colocou em 1995 na presidência, vai gerando o inefável senhor Sarkozy - portador da abençoada "nova vaga" – na esperança de manter na chefia da república francesa mais um dos seus discípulos.
O ministro do interior francês, entusiasta, acaricia a mão que o alimenta, oferece-lhe o espectáculo do seu despautério.
Na quarta-feira, o senhor Sarkozy participou na reunião de emergência dos ministros da Justiça e Administração Interna da União Europeia. Ali chegou procurando ansiosamente os holofotes, os microfones, buscando o momento para uma “declaração”. Demonstrando um desprezível oportunismo, eximiu-se das suas responsabilidades procurando o protagonismo à custa de afirmações propositadamente alarmistas garantindo saber que alguns dos alegados autores dos atentados de Londres já tinham sido presos em 2004, exigindo, claro, o endurecimento das medidas “preventivas” (que evidentemente não especificou).
O ministro inglês do interior, indignou-se, afirmando que a informação “é completa e totalmente falsa”. Fleumático, o senhor Charles Clarke adiantou: “Sarkozy chegou atrasado à reunião. Tive uma breve discussão com ele nos corredores. Mas não falei disso, nem no conselho, nem nalguma conversa privada” referindo ainda não ter tido oportunidade de desfazer o mal-entendido dado “que ele se foi embora a meio da reunião, talvez seja o seu estilo”.
É exactamente assim: “o seu estilo” - um estilo manhoso, demagógico, populista, manipulador, utilizando o medo como arma.
Um estilo que os franceses aparentemente apreciam, um estilo que a direita certamente preza, um estilo que o levará ao Eliseu. Um estilo que exibe à saciedade a decadência francesa. Um estilo que desgraçadamente faz escola.

2005-07-12

 

ABRANDAMENTO

O ritmo de produção aqui no Abnegado vai sofrer, novamente, um inevitável abrandamento.
As obrigações - essas despóticas senhoras – regressaram, agitando ameaçadoramente o dedinho indicador, convocando (exigindo) a atenção para tarefas outras, com prazos inexoráveis, a carecer maior dedicação.
Vou já arrastado pelo braço, vejo já o amontoado de leituras e trabalho que foi sendo progressivamente empurrado para um canto escondido, observo a tarefa imensa que me aguarda na esperança de dar corpo à investigação, no desejo de cumprir mais uma importante etapa do exigente trabalho académico.
Serão menos textos, menor a observação do que nos rodeia.
Assim será pelo menos até final de Agosto.
 

ESTRANHOS SILÊNCIOS

-Marques Mendes mantém uma estranha ausência de posição relativamente a esta lamentável jogada de bastidores. Será que não compreende que estes casos concorrem para o descrédito dos partidos, do seu partido? Será que não compreende que não pode manter uma saudável firmeza com Isaltino Morais e Valentim Loureiro, assobiando para o lado quando se trata do ex-assessor de Santana Lopes?
-Paulo Portas. Retirado para uma prolongada reflexão, avisou que iria “formar opinião” sobre os edificantes e reveladores episódios em que participou o senhor Luís Guedes como ministro do ambiente do PP. Conhecido pelas suas opiniões prolixas, pela sua verve inflamada, eis que o senhor Portas emudeceu.
-O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal pediu desculpas à China pelas desbocadas declarações do senhor João Jardim. Assume-se, assim, o peso oficial das palavras de Jardim e contudo, os mais altos responsáveis pela República Portuguesa mantêm um perturbador silêncio como se tudo fosse permitido àquela estranha criatura. Não pode. Não deve.

2005-07-09

 

NOVELA EPISTOLAR

Perdido nos paços do concelho, olhando angustiado o calendário, sentindo escoar-se o tempo de antena oficial, temendo um súbito desaparecimento do papel timbrado da autarquia, o presidente chamou a secretária, centrou o olhar no tecto procurando inspiração e ditou esta carta, que depois de assinada foi enviada aos destinatários.
Mais um dos seus regulares contributos para o enriquecimento do anedotário nacional.

2005-07-08

 

2005-07-07

 

OS ENTREVISTADORES DA SIC...

...Não têm feito o trabalho de casa.
Entrevistando o Primeiro-Ministro, Ricardo Costa e José Gomes Ferreira apresentaram-se inexplicavelmente nervosos, representando na perfeição o papel dos alunos perante o professor, num exame oral. Ao mais belo e sofisticado estilo "conversa de café", o director da SIC Noticias lança para cima da mesa a questão "SCUTS", Sócrates teve ocasião de brilhar, de compôr um ar paternalista e perguntar "o senhor Ricardo Costa saberá o valor que se conseguirá obter se se terminar o sistema das SCUTS?". O senhor Costa, cabisbaixo, respondendo "pouco" ouvindo do Primeiro-Ministro a repreensão "pois é". Para a próxima talvez não seja má ideia, lerem um pouco, informar-se, ou dar lugar a quem saiba.
Entretanto, um dia depois, Rodrigo Guedes de Carvalho esteve presente na "entrevista" a Marques Mendes. Esteve presente, apenas isso. Numa inenarrável converseta, o tempo foi passando, arrastado, penoso, apenas recortado por um momento que se diria salvador da "entrevista": referindo-se ao "caso" Isaltino e Valentim, IMPUNHA-SE que o jornalista procurasse saber qual a posição do líder do PSD perante a entrada de Miguel Almeida no Parlamento (gozando assim de uma confortável e oportuna imunidade), mas não. Aquela alminha em dificuldade, na ausência de preparação, ignorando o que fazer, esteve a um passo de perguntar ao senhor Mendes: "e agora, doutor, para terminar, quererá deixar alguma mensagem, alguém a quem dedicar a próxima música?"...

 

OS MANIFESTANTES EM PROTESTO

Bush chocou de bicicleta contra a polícia.

2005-07-06

 

LÍDERES

O eixo Paris-Bona visitou a Rússia, celebrando os 750 anos de Kalinegrado.
Chirac, Schroeder e Putin em amena cavaqueira. Descontraídos, sentados numa esplanada, os três grandes líderes partilham opiniões sobre as magnas questões do Mundo.
O Libération conta quais foram os prementes assuntos que captaram a sua divertida atenção: Chirac garantindo aos parceiros que “a única coisa que eles (os britânicos) fizeram para a agricultura europeia foi a vaca louca”, ou ainda que “não podemos confiar em pessoas que cozinham tão mal”, seguindo com graçolas acerca de lord Robertson (antigo secretário-geral da NATO). O jornal relata as gargalhadas dos convivas, que terão seguramente passado um bom momento com o galhofeiro presidente francês contando piadas sobre o Reino Unido (que os recebe hoje em mais uma cimeira do G8).
O jornalista do Libération garante ter assistido a tudo. As criaturas não julgaram importante, pelo menos, manter num cuidadoso recato estas larachas de mau gosto.
Note-se a brutal vulgaridade do inefável senhor Chirac. Observe-se a tremenda e confrangedora mediania destes líderes. Olhe-se em volta, conferindo o “pensamento” dos restantes dirigentes europeus e compreender-se-ão perfeitamente as causas do impasse, do inaceitável beco para onde se conduz a velha Europa.

2005-07-05

 

INFERNO

Ouvir as declarações do senhor Jardim e levá-las à conta do seu desgraçadamente habitual desbocamento, poderá servir para amenizar algo que é grave, muito grave.
As palavras de Jardim têm o peso do cargo que ocupa, ao proferi-las confere-lhes dimensão oficial. Não estamos na presença de atoardas lançadas ao vento por um qualquer cidadão anónimo.
É, afinal, um representante da República que executa a mais antiga e vil estratégia: nos outros o mal, nos outros a fonte de todos os problemas.
Jardim solta os demónios, encabeçando o mais revoltante e infame caminho do inferno, lidera a gritaria demoníaca que outros “compreendem”, que outros ainda, seguirão.
Continue-se a diminuir as afirmações do senhor Jardim, continue-se a ignorar a fogueira que arde dentro de casa, e não nos admiremos quando depararmos com o incêndio que se avizinha, cumprindo as etapas conhecidas

Primeiro prenderam os comunistas,
E eu não disse nada porque não era um comunista.
A seguir prenderam os judeus,
E eu nada disse porque não era um judeu.
Logo vieram pelos operários,
E eu nada disse porque não era nem operário nem sindicalista.
E então meteram-se com os católicos,
E nada disse porque eu era protestante.
E quando, finalmente, vieram por mim,
Já não restava nada para protestar.

Bertolt Brecht

2005-07-04

 
O BLOGUITICA celebra hoje o seu segundo aniversário. É, seguramente, um dos melhores blogues portugueses. Indispensável.
Um abraço ao Paulo Gorjão. Parabéns.

 

NÚMEROS

É particularmente interessante atentar neste título da edição de hoje do DN: Cavaco esgota sala de grupo de reflexão.
Em função do título, esperar-se-ia a notícia de uma pequena multidão ansiando a redentora conferência. Imaginar-se-ia filas intermináveis de cavaquistas de cobertor pelas costas, noites ao relento, na expectativa de um bilhete.
Aquele título convoca a expectativa de uma "onda" de entusiasmo, o Norte em peso no desespero de conseguir ouvir, de ver, o salvador.
O número mágico surge-nos relatado pelo senhor António Tavares (presidente do grupo de reflexão via norte), nada mais, nada menos do que ... 80 (oitenta) almas preparadas para "esgotar" uma sala de um hotel portuense!

P.S. - sobre as presidenciais (que falaremos em breve aqui no Abnegado) vale a pena ler este texto do Carlos Manuel Castro no Tugir.

2005-07-02

 

BLOGOMARKETING

De acordo com o Wall Street Journal estima-se que se aproxime dos 12 milhões o número de “bloggers” com actividade regular. Compreensivelmente há quem entenda haver na blogosfera informação útil a merecer aproveitamento.
Recentemente, o grupo publicitário WPP Group PLC criou o serviço “blog-watching” utilizando uma metodologia própria que permite analisar o que está a ser dito e comentado em linha. Segundo os responsáveis da empresa, desta forma (pela módica quantia de €80.000/ano) será possível conhecer as opiniões na blogosfera sobre as marcas em questão.
Ao que consta, este método está a alcançar significativo sucesso e já permitiu a identificação de alguns comportamentos e desejos dos consumidores, que resultaram em novos produtos e serviços.
Entretanto, a Intelliseek criou o serviço BlogPulse que permite a entrada de três palavras-chave para pesquisa gratuíta.
Ninguém dúvida da força da blogosfera, tão pouco do seu potencial. O seu usufruto está ainda a dar os primeiros passos.

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