2004-12-31

 

LEITURAS DE FINAL DO ANO

Dois textos que me impressionaram a merecer leitura.

O primeiro no blogue “Os cães ladram mas a caravana passa” fala-nos da acefalia de uma certa sociedade. Uma menina preparando-se para umas férias na Tailândia, ouvida pela SIC disse estar triste com tudo o que aconteceu pois "agora já não vou ter todas as condições de férias que iria ter, se por acaso não tivesse acontecido nada disto. Por outro lado, estou contente, porque vejo as coisas mais ao natural, como elas são."
Esta menina com certeza não vive com dificuldades, tem o desafogo financeiro suficiente para se poder dar ao luxo de umas férias no outro lado do mundo. Faz parte do universo do “parecer”, desde que o exterior surja devidamente envernizado com sinais exteriores suficientes para impressionar o seu semelhante tudo estará bem. Esta gente não olha a vida numa perspectiva de construir, de “ser” útil. Tudo se passa no reino da fantasia, do fútil, do efémero. A exigência dos seus demenciais direitos, a ignorância dos seus deveres.
A vida centrada na procura de um momento de destaque no “parecer”.
Pouco lhes interessa o sofrimento dos outros. Pouco lhe interessa o saber, o conhecimento. Tudo isso consome muito tempo, muitas energias, muito trabalho.
É o reflexo de uma certa sociedade doente, filha do espectáculo, acéfala, preguiçosa, exigindo sem dar.

Outro texto a merecer leitura atenta, encontra-se no blogue “A Revolta das palavras”. As palavras de António Barreiros são cortantes, mas reais. O retrato dos nossos dias que teimamos não ver.

Reflexões no final de um ano particularmente estranho.
Desejo a todos boas entradas e um feliz 2005.
Até para o ano!

2004-12-30

 

A PROMETER

-Vitor José no “Lágrima” com uma excelente reflexão sobre a importância de não baixarmos o braços na denúncia da incompetência deste “governo”. Subestimar esta gente pode trazer-nos uma má surpresa.
Ficamos também à espera das notas de Vitor José sobre “fazer o bem” fora da óptica religiosa, para debate.

-As mudanças no Blogoperatório, já para o inicio do ano.

2004-12-29

 

ONDE ESTÁ O PS?

Num exercicio já recorrente de autoflagelação o “governo” persiste na exibição das suas incapacidades e do seu errático percurso.
O Jornal de Negócios convoca-nos todos para a observação da cruel realidade traduzida nos números da nossa infelicidade. Segundo aquele diário, no terceiro trimestre deste ano o PIB português registou uma quebra de 1,2% estimando-se que os últimos três meses do ano apresentem, igualmente, uma quebra do Produto configurando uma recessão económica.
Ao longo destes meses, numa ladaínha de aprendiz de feiticeiro, Paulo Portas e Santana Lopes não se cansaram de propalar uma retoma que desconheciam mas cuja evocação lhes soava agradável.
Bem pode Santana soltar um grito guerreiro exortando todos os portugueses a tomarem doses generosas de “alto astral” (influências, certamente do seu guru brasileiro de marketing político). Bem pode Portas, colocar a mãozinha no peito cuidando gestos de grande temor ante a retoma que aí está, valha-nos Nossa Senhora de Fátima.
A realidade, tem pouco vagar para os populismos e não se impressiona com números de “jungleurs”, acabando-lhes a festa com uma inoportuna aparição na sua nudez, sem disfarces, tal como é.
O “governo” ocupa-se a jogar nos dois lados do tabuleiro, posicionando-se como o maior adversário de si próprio.
Perante este descalabro, procura-se e não se encontra o maior partido de oposição.
Não lhe conhecemos as alternativas, não lhe conhecemos as suas ideias, o seu projecto.
Dizer-se que se encontra (em parte incerta) preparando, com denodo, o seu programa de Governo é colocar o PS ao nível dos partidos cuja existência se manifesta somente nas eleições.
Até agora conhecemos de Socrates apenas a imprudente defesa da co-incineração, uma questão menor, colocando-se a jeito para que fizesse o debate com segundas linhas do PP e do PSD, ele que concorre para primeiro-ministro.
Ser oposição não é apenas juntar-se ao coro dos que observam a obvia desintegração do “governo” da coligação PSD / PP no altar do populismo. Ser oposição (ainda para mais com vontade de ser poder) é ter um projecto, apresentar alternativas.
Onde está o PS?

2004-12-27

 

O INQUÉRITO À COLOCAÇÃO DOS PROFESSORES

Uma das maiores confusões administrativas de que há memória no nosso país aconteceu neste ano que finda.
Uma das tarefas habituais do Ministério da Educação é organizar o processo de colocação dos professores. Por razões que ainda hoje permanecem misteriosas, dois ministros (num só ano) não foram capazes de a efectuar.
Perante este descalabro que teve repercusões profundas nas vidas de milhares de professores, alunos e suas familias, foi prometido a todos os portugueses, a explicação pormenorizada de tudo o que aconteceu, tendo sido promovidos 3 inquéritos.
Na semana passada o ministro Morais Sarmento declarou, oficialmente, no final do conselho de ministros, que o relatório da Inspecção-Geral de Finanças seria divulgado naquele mesmo dia. O ministro adiantou que o IGF tinha entregue o relatório na data estipulada e que este tinha sido analisado pelo ministério das Finanças e da Educação.
Não foram necessárias muitas horas para que a ministra da Educação desautorizasse Morais Sarmento (num “governo” em roda livre as desautorizações entre “colegas” sucedem-se a um ritmo vertiginoso). Maria do Carmo Seabra entendeu que o mesmo relatório deveria ser considerado confidencial.
Tudo isto é profundamente lamentável.
Neste processo temos um desgostoso retrato do estado a que chegámos. Um dos maiores ministérios não foi capaz de efectuar um simples processo administrativo, não conseguiu explicar porquê, e em desespero de causa, desmente o ministro da presidência, sonegando aos portugueses informação sobre o que se terá passado.
Que mais irá ainda acontecer?!

2004-12-26

 

NEM NO NATAL DESCANSAM

Ainda o caso da Caixa Geral de Depósitos: perante a decisão do “governo” de transferir as verbas do fundo de pensões da Caixa, a administração do banco demitiu-se. Percebeu-se que Bagão Félix não viu que daí viesse mal ao mundo, o Expresso noticiou mesmo que este não terá travado as demissões.
A manhã das notícias de hoje trazia-nos o eco do comunicado emitido ontem (!!) pelo gabinete do primeiro-ministro garantindo que “Vitor Martins continuará na presidência da CGD no cumprimento do seu mandato e não apenas provisóriamente, até ser substituído” (cfr Jornal Público).
O gabinete do primeiro-ministro tem necessidade de emitir um comunicado em pleno dia de Natal que no essencial não traz nada de novo.
Na verdade, emitir este comunicado, nesta data, com esta urgência, é apenas uma forma do primeiro-ministro conferir uma importância a um facto que o ministro das finanças se tinha encarregue de desvalorizar.
Mais um episódio da guerra surda dentro do “governo”.

P.S. Quem tivesse dúvidas acerca do doentio egocentrismo e do lamentável sentido de oportunidade do primeiro-ministro ficou, com certeza, esclarecido ao ouvir a sua comunicação de Natal...

 

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Na sua coluna como Povedor do Leitor do Público, Joaquim Furtado responde hoje a uma solicitação de Paulo Gorjão relativamente ao caso da publicação por aquele jornal de noticias com origem em blogues sem que estes sejam referenciados. É de saudar o “mea culpa” que o jornal promoveu, contudo, refira-se que este aconteceu, em boa medida, como reflexo dos muitos protestos que entretanto se multiplicaram na blogosfera, mas também por se tratar de casos óbvios de plágio. Sublinhe-se, entretanto, que não foi a primeira vez que tal aconteceu.
Este caso terá permitido (a fazer fé no Provedor do Leitor) uma reflexão interna que é, justamente, o mínimo que esperamos de um jornal como o “Público”.
Todavia, para quem não viva por dentro o fenómeno da comunicação social (é o meu caso) estes factos parecem menores tendo em conta o relato muito preocupante que M. Pedrosa publicou aqui.

2004-12-24

 

FELIZ NATAL PARA TODOS


 

OBVIAMENTE

A Administração da Caixa Geral de Depósitos demitiu-se.

 

CICLO POLÍTICO

Conhece-se a prática de qualquer governo em normalidade de funções: concentrar nos primeiros dois anos de governação as medidas mais impopulares, e as reformas (se as houver), para que nos dois últimos anos se possa suavizar a pressão apresentando-se propostas mais agradáveis.
A gestão do ciclo presente deste “governo” foi calculada, friamente, por um único personagem: Paulo Portas.
Há muito que adivinhava o desfecho deste “governo”. Correndo em pista própria geriu o seu calendário, criou o seu ciclo político e, de caminho, encarregou-se de ajudar o “Pedro” (seu querido amigo) a mostrar o que vale.
Enquanto Santana se envolve em rocambolescos episódios com ministros do PP; se apresenta nas TV’s em patéticas entrevistas e não menos inverosímeis “comunicações ao país”; se enreda em críticas ao Presidente em jantares partidários para logo a seguir (ostentando o perfil de chefe do “governo”), as desmentir; Portas gere ao milímetro o seu ciclo político.
Sucedem-se os anúncios de compras intermináveis de material bélico, as privatizações, visitas às tropas, fugas de informação. Tudo preparado, com extraordinária coincidência, para ser apresentado pouco antes das eleições.
O “Paulo” está em campanha silenciosa, mortífera, apresentando, com espalhafato, o que passa por ser “obra feita”. O “Pedro” queixa-se que não o deixaram “trabalhar”.

 

ATRACÇÃO FATAL

Pinto da Costa foi à Madeira exortar João Jardim a candidatar-se “a líder do Norte (ou de qualquer parte do país), ou até mesmo como presidente da República”. Era inevitável esta aproximação entre os dois. São produtos do mesmo populismo boçal. Só o PS-Porto ainda não o compreendeu.

2004-12-23

 

O MIDAS INVERTIDO

Conta-nos a TSF que o ministro Luís Guedes terá ameaçado o primeiro-ministro que se demitiria se Santana não anulasse a decisão de cancelamento de uma sua conferência de imprensa (uma dúvida: o homem não faz parte de um governo que já se demitiu?).
Perante esta inacreditável chantagem de um ministro ao seu primeiro-ministro o que faz este último?
Convida Guedes, conversa com ele, acalma-o, diz-lhe palavras bonitas, elogia-o, desculpa-se com os seus colaboradores (esses malandros) que não lhe terão dado todas as informações, tomam um chá. No final da cavaqueira, Santana faz saber que apoia o ministro “incondicionalmente”.
Ou seja, o primeiro-ministro de Portugal apoia o ministro que o chantageia, desautoriza-se a si próprio. Aceita – implicitamente - que agiu de “cabeça quente”, admite que tomou uma decisão sem qualquer fundamento. Assume, afinal, aquilo que todos sabemos: tem o toque de Midas invertido, tudo o que faz e diz não tem valor.

P.S. Está aí, para quem quiser ver, a guerra surda entre os parceiros de “descoligação” de que falei neste post.

2004-12-22

 

O ENCARTE

Num gesto de grande generosidade, o “governo” decidiu oferecer, pela módica quantia de 100.000 euros, (valor que em breve será revisto em alta, tal como o deficit) um encarte nos jornais diários. Nem esta simples operação de propaganda foi efectuada sem trapalhadas. Tal foi a confusão que só uma parte foi entregue, pelo que hoje será distribuída a restante quantidade. É a sua linha de rumo…

2004-12-21

 

O “COMBATE”: SANTANA CONTRA O MUNDO (actualizado)

Santana Lopes já estava dentro do avião, esticava as pernas preparando-se para descansar e organizar, durante a viagem, o discurso que faria nessa mesma noite na homenagem ao FCP (não o do evento mas o de explicações a Rui Rio), quando um assessor se apressa a dar-lhe a má noticia: O mundo continuava na sua infrene luta contra o senhor primeiro-ministro de Portugal.
Ante tão estupenda constatação, Santana sentiu o dever de enfrentar este temível inimigo e logo ali adiou a tão ansiada jornada ao Norte.
Já em São Bento na presença de Bagão Félix, pediu explicações. Queria saber por que razão o Mundo não tinha acatado a ordem que ele próprio tinha dado em directo e ao vivo durante o Congresso do PSD. Pois não tinha sido claro ao declarar que a crise tinha passado, que a retoma estava aí? Na expectativa de uma resposta, sentou-se cuidadosamente (para não magoar as costas ainda doridas de tantas facadas).
Bagão ainda balbuciou uma resposta técnica tentando explicar que o Mundo tem ultimamente andado um pouco distraído, mas Santana estava possuído pela vertigem do “combate”, não podia aceitar mais este dasaforo.
Antecipava-se o cheiro a pólvora quando o quadro ganhou contornos mais dramáticos: em cima da sua secretária acabava de pousar um papel com o temível timbre do Eurostat. Os de Bruxelas, diziam sucintamente, que gostavam muito de ser enganados mas teria de ser com estílo e imaginação, o “governo” de Portugal - diziam os mesmos senhores - teve imaginação, mas não teve estílo nem saber.
A coisa ganhava forma de perseguição.
Sem hesitar um segundo, o “Pedro” escreveu, pelo seu próprio punho, a comunicação ao país: Não posso mais lutar contra o Mundo sózinho, tenho o corpo dorido do combate, preciso da vossa ajuda, não é preciso que seja absoluta!

P.S. Esta tarde, à hora do almoço, o Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças "falaram" ao país. Há muito que não via algo tão rídiculo, a dado passo senti pena daqueles dois personagens e desejei que a sua intervençao acabasse rapidamente. Não há dúvida, com estes "governantes" não é preciso fazer oposição, eles próprios se encarregam dessa tarefa!

2004-12-20

 

NOTAS SOLTAS

Vale a pena ler este texto do blogue Alma Lusíada, sobre a lingua portuguesa.

ALECRIM E MANJERONA: No Reino Unido acabou uma novela ao mais belo estilo mexicano com a demissão do ministro do interior. O senhor Blunkett foi apresentado como uma das estrelas da equipa governamental de Tony Blair. Invisual, trazia consigo o prestigio da sua carreira, mas sobretudo, a promessa de uma forma diferente de actuar na politica.
Em certa medida, cumpriu. Esquecendo a história de alcova e da legalização de uma empregada (histórias banais), a verdade é que houve uma inovação, e grande. O senhor Blunkett terá sido um dos primeiros políticos no activo a publicar uma biografia atacando, dura e rudemente, uma boa parte dos seus colegas de governo!
Não resisto a deixar aqui o cartoon do “Guardian”:


OS MONÁRQUICOS ESTÃO FELIZES? O Senhor António de Sousa-Cardoso é presidente da Causa Real e publicou na edição de hoje do Público este artigo
Em linhas gerais diz não ter ainda compreendido as razões para a dissolução do Parlamento (é capaz de ser já tarde para lhe explicar) e afirma ter descoberto que em Espanha a coisa é mais calma pois em 30 anos foram apenas 4 os primeiros-ministros. Cardoso não tem dúvidas: esta estabilidade deve-se ao facto de haver Monarquia do outro lado da fronteira. Demonstrando ainda maiores capacidades de analista, nota que a dissolução do Parlamento teve ali mãozinha do Presidente que é sabido, terá “jogado o jogo” (sic) – presume-se que da política - estando, portanto, pouco distanciado. No seu douto entender isto só lá vai com a Monarquia, já que o Rei estando mais distanciado (queria dizer num plano superior) seria capaz de melhores decisões. Foi um momento de boa disposição. Aliás, para o registo de humor ser mais completo só faltou ao senhor Cardoso mencionar as últimas intervenções de fundo do excelso senhor Duarte (ver aqui este post).


2004-12-19

 

UM “PIQUENO” ERRO

Confesso que me desagrada a má utilização da língua portuguesa. Mas irrita-me o erro dito com orgulho. Basta ver e/ou ouvir as almas que persistem na utilização da expressão “piqueno” como se houvesse nisso uma qualquer distinção.
Será que alguém lhes consegue explicar que a palavra “pequeno” não leva “i”?

2004-12-18

 

O PAULINHO: A DOLOROSA EXISTÊNCIA DE UM MENINO SEM INFÂNCIA

A história é antiga, surge à tona sempre que se aproximam eleições. Como que por acaso, volta não volta, lá vem um perfil do “Paulo”. Invariavelmente, contam-se os episódios do menino que aos 13 anos já participava na elaboração de moções políticas, aos 15 escrevia artigos de opinião nos jornais, tão brilhante que Sá carneiro o quis conhecer e conversar com o menino. É esta, em traços gerais, a história que nos é contada sempre (agora foi a revista Sábado na edição de ontem). A manipulação é grotesca, a intenção óbvia: espera-se que fiquemos “esmagados” com este génio, que decidiu aplicar todas as suas capacidades “a bem da Nação”.
Ora, a mim parece-me que esta rapaziada não compreendeu que está a fazer, apenas e só, a exibição lamentável de um caso clínico.
Aos 13 anos é suposto que qualquer garoto equilibrado encontre outros motivos para dar azo às suas capacidades, e se envolva em brincadeiras descontraídas, as primeiras namoradas, a doce leveza de uma meninice saudável.
Portas constitui um caso triste. Tenho pena deste menino, a quem não permitiram ter infância, este menino que foi exibido de uma forma tão vil. Tenho pena que o tenham obrigado a vestir uma pele que não lhe servia. Tenho pena que o menino tenha acreditado no papel burlesco que lhe reservaram. Tenho pena, sobretudo, que o rapaz não tenha ainda percebido que a política é uma forma maior de servir a comunidade, não é uma obsessão!

 

A PERGUNTA VIRTUAL

A pergunta foi, inicialmente, aprovada com os votos do PS, PSD e PP (são, portanto, os seus “pais”), é indecoroso ouvirmos o inefável líder parlamentar do PSD colocar-se na posição de principal crítico da pergunta, passando toscamente a responsabilidade para o PS. Entretanto, António José Seguro, com o seu eterno ar de sofredor, debitou um enrodilhado em mau português onde se percebeu (vagamente) que estava à espera desta decisão e que aguardava a revisão da Constituição, para, então sim, poder participar na definição de uma “bela” pergunta. O PP, claro, não comenta. Sendo assim, parece que não houve ninguém responsável pela redacção da coisa.
Com mentes brilhantes como estas, estávamos (sinceramente) à espera de uma pergunta simples e clara?

2004-12-17

 

SANTANA MARKETING

No dia 19 de Julho escrevi um artigo de opinião no Jornal de Negócios, acerca da então recente nomeação de Santana Lopes para o cargo de primeiro-ministro a que atribuí o título Santana Marketing, e que reproduzo na íntegra:

O novo primeiro-ministro é muito dado às coisas da publicidade, seguindo a chamada escola brasileira. Conhecemos-lhe a sua propensão para os “placards” publicitários, o fenómeno da multiplicação das comunicações oficiais contraditórias (o Parque Mayer, já teve dois arquitectos internacionais designados, vários projectos e mantém-se rigorosamente na mesma), entre outras preciosidades.
Ocupemo-nos então, por ora, da vertente Marketing do dr. Santana. Imaginemos, por absurdo, que tudo isto se passava numa empresa, chamemos-lhe, por conveniência, Portugal SA.
A empresa vive momentos conturbados, o Conselho de Administração está ainda em estado de choque perante a saída do CEO que decidiu aceitar a proposta apresentada por uma multinacional. A pressa foi tanta que não cumpriu o prazo de pré-aviso, conseguindo, contudo, que o “chairman” da empresa sancionasse a aceitação de um substituto, homem muito amigo do anterior líder, e conhecido por “aparecer na televisão”.
De facto, o CEO substituto liderava uma empresa mais pequena – Lisboa, S.A. – dele se dizia “ter muito jeito para os reclames”, tínhamos, pois, especialista. Alguém terá lembrado, que o homem participou num concurso televisivo – A cadeira do Poder – que perdeu, mas onde “mostrou muita combatividade e convicção”.
Perante um facto consumado, e visivelmente contrariada, a Administração pediu ao novo CEO um Plano de Negócios para os próximos dois anos, tendo para o efeito estabelecido um prazo de um mês para a sua apresentação. Qual não foi a sua surpresa quando, ainda antes de tomar posse, o novo CEO se apressou a dar duas entrevistas nas televisões, falando de generalidades e apresentando aquilo que parecia ser uma ideia-chave (e única): a mudança de alguns departamentos da empresa para outras regiões do País “estaremos assim mais perto dos nossos consumidores” terá dito.
Convocado, de urgência, o Conselho de Administração procurou saber melhor o alcance da medida. Choveram perguntas: “quanto vai custar?”, “Estudou as diversas alternativas e todas as implicações da medida?”, “É possível pô-la em prática?”, “Qual o público-alvo”, “É fruto de algum estudo que tenha revelado um desejo forte dos consumidores?”. O homem ouvia todas as perguntas com um sorriso de desdém, até que, finalmente, decidiu explicar: “É evidente que não iremos pôr em prática tal medida, em bom rigor, foi uma ideia que me ocorreu quando passeava à beira rio, pareceu-me formidável já que desta forma temos toda a comunicação social a falar deste projecto. Pelas minhas contas a coisa durará mais uma semana. Quando estiver a esmorecer tenho já preparada uma outra que promete durar bastante mais e manter ocupados os media: vamos mudar o nome da empresa, para Portugal/Portucalense, S.A., damos assim motivo de interesse aos accionistas, ouviremos as suas opiniões, podemos até criar um concurso de ideias para o novo nome da empresa e, entretanto, conseguimos trazer cá para dentro uma rapaziada amiga, que isto, já se sabe, a vida está difícil”
Perplexos, os administradores ainda perguntaram “mas então e o Plano de Negócios? O que pretende, afinal, fazer nos próximos 2 anos? Não tem consciência da situação difícil da empresa?”
O novo CEO, arrumando os papeis na pasta que tinha acabado de comprar numa loja muito da sua preferência da Av. Liberdade, ainda teve tempo de dizer “mas que Plano de Negócios? Isto é o meu Marketing, senhores” e apressado abandonou a sala deixando para trás um Conselho de Administração com nó na garganta, incapaz de deixar de pensar no futuro que, subitamente, se apresentava ainda mais negro. Consta que terá havido um dos membros do Conselho, que ainda se beliscou: não acreditava que fosse verdade, era mau de mais!
Qualquer relação entre esta história e a realidade é, claro, pura coincidência…

 

ESTA TELEVISÃO É VOSSA

Ocorreu-me este título (originalmente utilizado num programa do canal Arte sobre a SIC em 1995) quando ouvia Emídio Rangel em entrevista ao Clube de Jornalistas do canal 2.
Rangel foi peremptório ao indicar o projecto de controlo da televisão protagonizado pelo governo de Barroso (e numa lógica de continuidade também de Santana). O caso do próprio Canal 2 foi, de resto, sintomático. O governo pretendia acabar com o canal 2 da RTP, essa intenção foi então verbalizada pelo ministro Morais Sarmento, no estilo elegante que o caracteriza.
Emídio Rangel, esteve por dentro das negociações, e afirmou, claramente, que existiu um “acordo” (já vemos de onde vem a ideia fundadora dos acordos) entre as duas emissoras privadas de TV e o governo para que o canal 2 se mantivesse na órbita do Estado. Mais, como bónus foi atribuída uma redução do tempo destinado à publicidade no canal 1.
Desta forma o Governo, tomado por uma furiosa vontade de fazer o bem e promover a iniciativa privada de televisão, ofereceu, generosamente, às duas emissoras um pacote que incluía a diminuição da concorrência e a oferta de maior capacidade de captação de publicidade. A factura, seria paga em generosas prestações. Rangel lembrou uma delas, porventura a mais mediática: o chamado caso Marcelo. Gostaria muito de saber quantas e quais terão sido as outras…


2004-12-16

 

PARA LÊR

Este texto excelente no Portugal dos Pequeninos.

 

A DESCOLIGAÇÃO II

Uma leitura rápida pelos posts deste blog tão recente fez-me corar de vergonha, nos últimos dias dois personagens têm garantido lugar cativo: Portas e Santana.
Assim de repente é como se o Mundo na sua vastidão de interesses e observações fosse concentrado em torno destes tão improváveis protagonistas. Ainda que me penitencie por tal, seja reconhecida uma atenuante. A verdade é que foi dado a estes senhores uma preponderância que não merecem.
Preocupam-me as consequências de os termos, acompanhados pelos seus séquitos, a pretender ocupar o espaço mediático criando para tal “factos”, “oportunidades”, inaugurações, visitas, reuniões, almoços, entrevistas, tudo apimentado com uma “fuga” para as redacções, forma de garantir a necessária “cobertura” da comunicação social. São criadas novelas (coligo, não coligo) inventam-se novos “motivos de interesse”. Assinam-se acordos amigáveis de não agressão. Prometem-se novos contratos, novas compras de material bélico, anulam-se visitas, confirmam-se viagens. Aproveitam a sua efémera posição governamental para impor a sua presença.
Com tudo isto, a sua imagem torna-se quase uma presença habitual. Quando damos por nós temo-los ali sempre emoldurados pelo “olho mágico”, a familiaridade vai-se consolidando numa visita diária. Empurrados pela continuidade vamos associando estas figuras aos “políticos”, inconscientemente ocorrem-nos os seus nomes como se fossem marcas comerciais. Tal como utilizamos a expressão comercial “Black & Decker” para substituir berbequim, estaremos em breve a falar de Portas ou Santana para identificar algo no campo político.
Duas personagens menores foram alcandoradas para o palco, vão querer manter-se por lá, custe o que custar. Não vão regatear esforços, lutarão entre eles, farão a marcação um ao outro em todos os eventos governamentais.
Mais grave, farão uma impúdica e hipócrita defesa “dos mais pobres”, “dos que não têm voz”, projectar-se-ão como os defensores do país ante os interesses obscuros que o rondam em apetites de banquete. Serão tão excessivos e maçadores, que à força de tanto o repetirem tornarão banais, não só a sua imagem, mas sobretudo aquilo que dizem defender.
No final terão dado o seu contributo, ajudando a baixar (ainda mais) a fasquia da exigência para níveis desgraçadamente baixos que serão tomados como os “habituais”.
Portas e Santana não são os únicos, serão apenas mais demoniacamente excessivos.

2004-12-15

 

A DESCOLIGAÇÃO

Às 20h30m os portugueses conheceram mais uma extraordinária originalidade: PSD e PP vão concorrer descoligados. Numa pirueta ao mais belo estilo circense os líderes dos dois partidos assinaram um pacto em público e em directo. Portas e Santana apresentaram-se com dificuldade em articular a sua comunicação, exibindo uma clara incapacidade de acreditar nas suas próprias palavras, não se conseguindo sequer convencer a si próprios. Não há, de facto, imaginação que consiga dar alguma côr (já não digo substãncia que era pedir o impossivel) a este desgraçado "acordo". Não há a mais pequena noção do ridículo.
O PSD depois de ter convidado publicamente o seu parceiro no “Governo” contenta-se, assim, com um beijo de despedida.
Vai ser interessante assistir à materialização deste trato na estrada, na dureza de uma campanha. Ambos conhecem as nulas hipóteses de vencer as próximas eleições, projectam já a sua própria sobrevivência política. Nos próximos dias ensaiarão uma harmonia própria do universo celeste, concentrando a sua atenção nos "poderosos" que os impediram de proteger os mais pobres. Ainda farão algumas criticas ao PS. Mas à medida que começar a aproximar-se a campanha será dada luz verde aos personagens (tradicionalmente designados por “terceiras e segundas linhas”) que deixarão notas e observações desconfortáveis sobre o parceiro de descoligação, sempre desmentidas pelo líder. Quando as sondagens lhes traduzirem o descalabro envolver-se-ão numa louca corrida à divisão das migalhas.
Nesta perigosa estratégia o “Pedro” enredar-se-á em pequenas e grandes confusões. Acabará irritado, acusará o seu partido de falta de lealdade e o parceiro de descoligação de traição. Portas, entretanto, ficará satisfeito se conseguir aumentar o número de deputados do PP e assumirá o alívio do damage control, terá palco para mais quatro anos.

2004-12-14

 

MAIS UM ALMOÇO PÚBLICO

Almoçavam descontraidamente com o mar à vista. A sala, cuidadosamente resguardada de olhares indiscretos, garantia o necessário recato para uma conversa mais intima. Lá fora, devidamente avisados, vários jornalistas aguardando uma declaração com o peso que o primeiro-ministro e o ministro da defesa podem conferir. A meio da tarde, um assessor terá convidado secamente: podem entrar.
Câmaras em punho, microfones ligados, a excitação própria dos grandes momentos.
Uma vez dentro da sala, observam dois convivas a quem o acaso conferiu a “gravitas” governamental, estes simulam a surpresa, encenam o embaraço. Sorriso forçado, “já almoçamos há 20 anos” diz um com ar triunfal, o outro apressa-se a corrigir: “há mais de 25 anos”.
O assessor diz, não menos secamente: podem saír.
Passados poucos minutos os comensais saem, entram nos carros do Estado.
São muito amigos, estimam-se muito. Gostam muito do país, esforçam-se muito por ele!

2004-12-13

 

O ESCORPIÃO

Esta notícia dando conta da intenção manifestada por Santana Lopes de “abandonar” o Governo é ilucidativa do estado a que chegámos. A imprevisibilidade de Santana, tão invocada pelos seus apaniguados, é isto - a total ausência de sentido de responsabilidade. Conta o Público que o “Pedro” terá sido convencido a não dar seguimento à fuga por Morais Sarmento e Paulo Portas.
O PP vai, entretanto, indicar como razão principal para não aceitar a coligação com o PSD a inconsistência do seu parceiro no “Governo”. Portas já está a orquestrar a sua estratégia. Vai repetir à exaustão que foi, afinal, ele o garante da estabilidade. Ele sim foi a grande vitima silenciosa de Santana e agora do Presidente. Os ministros do PP os mais competentes. Com ar cândido (e contando com a preciosa ajuda do “Pedro”), Portas vai entreter-se a arrasar o seu grande inimigo de sempre: o PSD.

 

PROMESSAS, PROMESSAS

José Sócrates esteve em campanha (ou pré-campanha para ser mais correcto) na Covilhã e Castelo Branco. Relata o Público que aí terá prometido a anulação das portagens na A23. É preocupante.
José Sócrates passou a sua infância por aquelas bandas, está entre os seus, bastar-lhe-ia um aceno uma palavra de circunstância, o “calor” do acolhimento não seria menor. Como será em plena campanha, em localidades menos receptivas?
Prometer não é difícil é, aliás, uma tarefa simples e atractiva, complicado é resistir à sua tentação.
Antes mesmo de apresentar o seu programa, está a resvalar para a demagogia com promessas de pacotilha.
Sócrates, tem a obrigação histórica de mostrar ao País que tem um projecto e que pretende refundar o regime. Comportando-se desta maneira dá crédito a quem vê nele uma versão outra de Santana Lopes. É bom que corrija a rota.

2004-12-12

 

SURPREENDIDOS?

Assistindo aos desenvolvimentos deste fim-de-semana político torna-se difícil encontrar a melhor expressão para a confirmação de receios vários.
O Governo demitiu-se, criando um “facto” pretensamente dramático, que é patético.
Santana, desmente (em menos de 24 horas) o porta-voz do seu partido. Anula tudo o que tinha dito anteriormente. Assume um confronto directo com o Presidente da República. Pretende que uma ilusão se torne realidade (apenas por que a menciona)
Portas, de braços cruzados olhar no chão, enquadrando o primeiro-ministro durante a sua comunicação ao país, apressa-se e dirige-se à sede do seu partido, uma vez aí, estica o dedo indicador com olhar feroz denunciando os interesses financeiros que terão obrigado o Presidente a dissolver o Parlamento.
Ao longo da semana, usando as expressões faciais tão desgraçadamente conhecidas, não se cansou de repetir que já tinha tomado a sua decisão relativamente à coligação com o PSD. Hoje o Expresso garantia que haveria coligação, à noite talvez não, quase não, não?
O problema (o nosso problema) é que estes senhores já não estão entretidos em jogos políticos para animar jantares de amigos. Foi-lhes dado o Governo da nação para as mãos, aplicam-lhe as mesmas regras. Divertem-se.
Alguém estará (ainda) surpreendido?

2004-12-11

 

O AMIGO DIAS LOUREIRO

Depois de um período de hibernação, Dias Loureiro recuperou, com Santana Lopes, uma especial projecção. Ele próprio assume-se como amigo do “Pedro” e entendeu que o devia ajudar. Já quanto a Cavaco, de quem também se considera amigo, diz que “aprendi muito politica e pessoalmentecom o Professor Cavaco”. Temos pois que sendo amigo de ambos, ajuda o “Pedro” e aprendeu com o “professor Cavaco”...
Dias Loureiro, entretanto, repetiu na entrevista que deu hoje à TSF, uma ideia que já anteriormente tinha deixado na RTP: Santana Lopes sabia que necessitava de eleições. Hoje, foi mais longe dizendo que terá aconselhado Santana a demitir-se. Cá está o amigo Loureiro a ajudar o “Pedro”, tentando criar uma imagem de homem com sentido de Estado. Pois se o “Pedro” poderia não ter aceite o cargo, ou mesmo mais tarde, tendo a hipótese de “bater com a porta” aos “demónios que se agitavam por aí” (Loureiro dixit), se não o fez (conclui-se) foi por ter sentido de Estado.
Ou muito me engano, ou vamos ter, nos próximos dias, este choradinho. Santana Lopes só, contra o Mundo, contra os interesses, contra os “demónios que andam por aí”, tendo aguentado tudo, estoicamente, em defesa do País.
Pode ser hábil, mas tem um problema (que Dias Loureiro, melhor que ninguém conhece): não há uma única alma que compre este argumento! É uma pena por que o “amigo” Loureiro até se esforçou...

 

O HITCHCOCK PORTUGUÊS

Paulo Portas só amanhã anunciará a sua decisão relativamente à hipotética coligação com o PSD. Os sociais-democratas aceitam esta farsa em nome de quê?

2004-12-10

 

COMBATE POLÍTICO

Está aí um novo “nariz de cera”. Agora quem não utilizar a expressão “combate político” está fora de moda, arriscando-se a não ser entendido.
Pode ser que ainda recuperem um hit dos anos 90: “a plataforma de entendimento”, isto por que o “diálogo” (grande sucesso guterrista) tem apresentado pouca procura.

 

PEQUENA POLÍTICA

Hoje o Presidente da República fará uma comunicação ao País para apresentar as razões da sua decisão. Só isso verdadeiramente interessa. Discutir a forma escolhida pelo Presidente para conduzir este processo, ou mesmo se deveria ter falado antes, é discutir o acessório, tentando esquecer o essencial. A ninguém escapava a inevitabilidade deste desenlace. Sampaio deu todas as condições para que esta maioria governasse, tudo o que correu mal (desgraçadamente mal) foi exclusivamente devido à incapacidade do senhor Santana Lopes. Perante esta realidade, o PSD despertou os demónios da pequena política, num jogo de chicana e da “chico-espertice”.
A entrevista de Morais Sarmento ao Diário Económico constitui um excelente exemplo desta estratégia. Ignorando, por agora, o título escolhido para a referida peça ou a argumentação pobrezinha, há contudo, um momento revelador. Sarmento refere a propósito da decisão de Jorge Sampaio que não tem “dúvidas que quando tomou a decisão tentou encontrar a melhor decisão para o país”, encenando o papel do polícia bom para então sim, dizer ao que vem, ainda que sob a capa da insinuação “não tenho dúvida que o fez animado disto e não de qualquer maquiavélica intenção de favorecer os calendários de substituição do líder socialista, que em Julho debilitado estava e poderia não ter condições de disputar eleições e que agora já refrescada, uma nova liderança, legitimada...” claro, que deixa, logo a seguir, um prudente “não subscrevo”.
Morais Sarmento estará provavelmente muito orgulhoso desta “habilidade” entenderá, porventura, que foi muito inteligente. A meu ver, não percebe que é isto que constitui a pequena política. A táctica de “dizer, não dizendo” é, talvez, uma das suas mais torpes expressões, rouba aos políticos frontalidade e coluna vertebral, deixa-lhes muito pouco.

(P.S. Sobre a encenação de Paulo Portas com os chaimites vale a pena ler José Pacheco Pereira)

2004-12-09

 

JARDIM OUTRA VEZ

O Comandante Roberto Figueiredo sentiu necessidade de escrever uma carta aberta a João Jardim com um grito de alma pelas afrontas e insultos com que este último o terá mimoseado. Roberto Figueiredo foi o Comandante da Zona Marítima da Madeira e terá convivido, diariamente, com a boçalidade institucional de Jardim. Não é o primeiro, não será o último. Para João Jardim todos os que representam a República no arquipélago, nomeados pelo Governo central, constituem perigosos “agentes coloniais”.
Que não saiba conviver com o regime e as instituições democráticas é um problema seu, que seja apontado como exemplo a seguir pelo seu partido, já é um problema nosso.

2004-12-08

 

UMA FACE DA BOA MOEDA


Ao convidar António Vitorino para coordenar a preparação do programa de Governo (e logo projectá-lo como nome incontornável em posição de destaque num hipotético Governo do PS) o líder dos socialistas fez bem.
António Vitorino é alguém invulgarmente bem preparado e muito credível. De resto, o seu recente desempenho como comissário europeu ajudou a consolidar esta imagem.
Vitorino é também alguém com simpatia pessoal, com verbo fácil traduzindo ideias consistentes.
Quando a hipótese da sua candidatura a presidente da comissão europeia se desenhou com contornos mais nítidos, o PSD foi o partido que não lhe regateou elogios. Aliás, esses mesmos encómios serão recordados durante a campanha para sublinhar a sua capacidade (se os sociais-democratas entendiam que poderia ser um bom presidente da comissão europeia, não poderão agora vir criticá-lo como pouco capaz para assumir funções governativas).
É, em suma, um excelente trunfo para a campanha do PS. Veremos como conseguirá Sócrates conviver com este “special guest star”.

 

A AUTO-MUTILAÇÃO DE UM PARTIDO

Todos os dias o PSD vai perdendo, inexoravelmente, o capital histórico que lhe deve ser creditado como partido com sentido de Estado. Como que movidos por uma mágoa envergonhada, os mais destacados membros do PSD reservaram-se ao silêncio ante o descalabro populista e demagógico promovido pelo seu líder.
Observar o desempenho de Santana Lopes é um exercício penoso e triste.
Santana é um daqueles casos evidentes de falta de “perfil” (forma elegante de dizer falta de capacidade). Ainda que o queira, não engana ninguém (à excepção, talvez, do seu ex-amigo Henrique Chaves), conhecemos-lhe as “manhas”, o vazio da argumentação, a vertiginosa vocação para o tele-lixo. Santana faz dos cargos onde está (quaisquer que sejam) uma adaptação doentia do momento em que foi mais feliz e verdadeiramente desempenhou o seu papel – o programa “a cadeira do poder”. Reveja-se o citado programa da SIC, para se compreender a verdadeira natureza do “Pedro”.
Se não há novidade nem surpresa nos cacos que deixa como rasto da sua acção, francamente já me parece menos óbvio que um partido como o PSD persista num autêntico “hara-kiri”.
Os mecanismos que garantem a apresentação desta estranha personagem à frente de um partido como o PSD nas próximas eleições merecerão, estou certo, uma cuidada análise. Este processo autofágico tem, entretanto, permitido a projecção das mais improváveis figuras, ou o destaque de criaturas que o decoro do partido tinha mantido, cautelosamente, limitadas a uma intervenção regional.
As “bases” sempre colocadas no altar da mais impoluta popular sapiência estão, as mais das vezes, a tratar da vidinha, aplaudindo e apoiando quem lhe garante uma pequena sinecura, um lugarzinho numa lista, um empregozinho, a ilusão do acesso ao poder.
Exibem o sorriso alarve e basbaque no exercício da palmadinha nas costas ao “Pedro”.
O sistema político português necessita de um partido social-democrata forte para que possa constituir uma alternativa disponível. Aquilo que vejo é a destruição inacreditável do PSD. Não sei como se recuperará tudo o que se perdeu e perderá, mas julgo ser necessário compreender as consequências do populismo que começa precisamente dentro dos próprios partidos.
O PSD sairá deste processo ferido. Nos próximos anos os futuros líderes não conseguirão ensaiar o discurso do partido com sentido de Estado sem ouvirem como resposta o exemplo destes meses que vivemos. O PSD comprou, alegremente, o instrumento com que se auto-mutilou.

 

INCONSEQUENTE

É dos livros: qualquer grupo social encontra no “inimigo externo” o melhor argumento para cerrar fileiras no seu combate. Concentrando as energias e atenções nessa entidade, esquecem-se divergências internas.
Santana Lopes pensou, “trabalhou” o assunto e logo lhe ocorreu uma boa solução: o Presidente da República eis o “inimigo externo”, sempre permite a acumulação de outra especialidade de Santana - a vitimização. Não pensando duas vezes (exercício que lamentavelmente pratica com inusitada regularidade) ensaia um primeiro ataque ao Presidente na Póvoa de Varzim, alguém lhe terá dito que a coisa, assim, soava mal. Logo corrige no dia seguinte insurgindo-se, perante a citação das suas próprias palavras pelo jornalista que o abordava.
Depois foi a vez do secretário-geral do PSD continuar a farsa. Numa correria ao disparate não poderia faltar o inefável Guilherme Silva que entende dever ser revista a constituição para diminuir os poderes do Presidente.
Santana Lopes envolveu todo o partido numa estratégia de vitimização e na luta cega contra Jorge Sampaio. Fez mal.
A “estratégia” vai explodir-lhe nas mãos. A vitimização, obviamente, não colhe. Entretanto, Jorge Sampaio fará a comunicação ao País na sexta-feira, sendo possível que Santana Lopes fique mal na fotografia. Se o presidente mantiver a serenidade deixará os sociais-democratas a falar sozinhos.
Será mais um tiro de pólvora seca, tão característico de Santana.
Haverá alguém, que um destes dias lembre a estas criaturas que o adversário político é o PS, mas Santana estará mais interessado em manter e consolidar a sua errática e inconsequente estratégia. Afinal, está a ser coerente consigo próprio e com tudo o que (não) fez até agora na sua vida política. Nada disto é novidade, o mais extraordinário é que haja quem lhe apoie a pantomina!

2004-12-07

 

LA SCALA


O La Scala vai este ano cumprir a tradicional abertura a 7 de Dezembro. As obras de reconstrução demoraram 3 anos e estão prontas (na data indicada), o custo final da obra foi de 60,5 milhões de euros (apenas 20% acima do orçamento inicial).
Aqui no Porto ainda não sabemos quando vai ser inaugurada a Casa da Música que deveria integrar o evento Porto Capital da Cultura 2001, muito menos quanto vai custar.
Como diria Guterres: é a vida!
 

CONTA GOTAS

Paulo Portas mantém viva a chama. Continuando com os jornalistas à ilharga vai gerindo a chegada de “personalidades” do PP ao largo do Caldas. A intenção é a mesma que faz os operadores de câmara registar as imagens de um determinado ângulo, criando a ilusão de uma multidão num pequeno grupo de pessoas. Nos últimos dias, têm desfilado à vez, um a um, vários personagens, criando a sensação de que o PP é um partido com imensas alternativas para cargos políticos. Os populares dão, assim, uma imagem de partido de poder com estruturas alargadas e vastas. Acresce que o jogo de sedução do PSD só vem consolidar esta imagem.
É Paulo Portas na gestão criteriosa das intervenções, dizendo rigorosamente o mesmo a vários órgãos de comunicação em momentos diferentes. A recorrente utilização do “eu” fiz, “eu” disse, “eu” decidi. O grande líder, ouvindo os conselheiros. O país suspenso da sua decisão.
Não há ali nada de genuíno, tudo é encenado, friamente encenado, malabarismos perigosos em manobras de poder.
Aproveitando a mediocridade actual da liderança do PSD consegue transformar-se, por estes dias, no protagonista. Está no palco, os holofotes apontam para si. É feliz!

2004-12-05

 

TROCA DE PAPÉIS

Na passada quarta-feira Paulo Portas, em comunicação ao país, afirmou que o PP pretende concorrer sozinho às eleições de Fevereiro, elogiou o seu próprio partido, deixou claro que o PSD não está à altura da coligação e remeteu-se ao silêncio.
Os sociais-democratas, entretanto, todos os dias têm ocupado o espaço mediático com diversos protagonistas, afirmações muitas vezes contraditórias, insultos ao Presidente da República, recuos, reuniões do conselho nacional e, finalmente, uma ideia concreta: o PSD pretende uma coligação pré-eleitoral. Só não assumem o óbvio: estão a pedir, por favor, ao PP que faça parte dessa coligação.
Portas tem gerido de forma profissional o seu silêncio. A sua arte tem permitido que se invertam as posições. Em circunstâncias normais seria o PP a “namorar” o PSD, não o contrário. Depois de Portas ter deixado claro que a responsabilidade maior da crise política deve ser encontrada no colega da maioria, o PSD apresenta-se numa incrível posição de fraqueza.
Perante isto continua a destruição de um mito. Santana que sempre foi apresentado como alguém com uma capacidade inata para eleições, está acossado e a demonstrar, também aqui, incapacidade para gerir o processo, ante a frieza e calculismo do seu (ainda?) colega de coligação.
O mais interessante seria termos Paulo Portas a comunicar ao país que agradece, mas não está interessado.

 

MORALIZAÇÃO

Na sexta-feira foram ouvidos no tribunal de Gondomar, como arguidos num processo rocambolesco de corrupção, vários árbitros, o presidente de um grande clube de futebol e um empresário.
Tivesse sido um político (mesmo que pouco importante) e as televisões estariam em directo a ouvir o “cidadão comum” a espumar ódio, invectivando os políticos como “uma cambada de corruptos”.
Quando entra o futebol, subitamente, temos “paninhos quentes”, aplausos e compreensão.
O processo está no seu início e cabe à justiça, e só a esta, promover o cabal esclarecimento de tudo. Não está em causa, sequer, a inocência de todas as pessoas envolvidas. O que me preocupa é assistir a esta dualidade de critérios.
Os grandes clubes de futebol têm imenso poder. Em muitos deles a equipa dirigente está em funções há anos, em muitos deles a qualidade dos seus dirigentes é muito má, em muitos deles a gestão é, no mínimo, ruinosa. Perante tudo isto, que é muito, as vozes de discordância são poucas, ou nenhumas. Aparentemente o futebol é uma área à parte, tudo é permitido e desculpado.
O “grito de alarme” deve ser dado também no futebol!

2004-12-04

 

UM ARTISTA PORTUGUÊS



Este senhor consolidou ontem o título de maior contorcionista ao afirmar que afinal se vai candidatar à câmara de Gaia. Se bem se recordam há duas semanas tinha solenemente afirmado o contrário no Congresso do seu partido. Na semana passada deu uma entrevista lamentável ao Expresso e agora isto. Mas bonita e carinhosa foi a sua justificação: “o país e o partido precisam de mim”. Tem razão, precisamos dele para mostrar tudo o que um político não deve ser.

 

O APITO AZUL

O senhor chegou com cara de poucos amigos, pois que estava às compras e não gosta de ser incomodado, entrou rodeado pelos seus “admiradores”, alguém se desfez em salamaleques: “o senhor não se importa de se sentar nesta cadeirinha tão desconfortável e responder a umas perguntas?”, foi avisando que a coisa tinha de ser rápida que o jogo já começou e não pode perder o seu desenrolar, vestiu o sobretudo e ala que se faz tarde.
Não admira que tantos queiram ser Presidentes de clubes de futebol...

 
EM DISCURSO ESTA NOITE NA PÓVOA DE VARZIM, ESTE SENHOR
.

COMEÇOU A CAMPANHA,IDENTIFICANDO O PRESIDENTE COMO O SEU PRINCIPAL "INIMIGO"
.

Enfim, ouvido ninguém acredita. Disse que o Presidente lhe mentiu, e ameaçou contar o que sabe. Afirmou que foi vitima dos interesses e que ainda não compreendeu por que foi demitido. Deve ser o único!

2004-12-03

 

HÁ VIDA PARA ALÉM DO PSD (II)

Têm razão as vozes que se fazem ouvir, manifestando o desalento perante a situação a que chegámos.
Não é possivel que se construa a próxima campanha como se nada tivesse acontecido. Já aqui o referi, espero que o PS (francamente é a única alternativa possivel no curto prazo) saiba aproveitar esta oportunidade para apresentar uma proposta refundadora. Fugir à lógica dos financiamentos do partido, cobrados com juros. Saber apresentar uma campanha frugal em que o protagonista seja o projecto que apresenta, sem a encenação “hollywoodesca” para embrulhar o vazio. Evitar as “meias tintas” em discursos ocos para agradar a todos e a ninguém. Entender que o tempo não é de consensos moles, mas da moralização e da (re)construção do regime.
Bem sei que poderá parecer ingénuo, mas francamente penso que as jogadas de rins, a concepção de “cenários” (por parte da rapaziada discipula de Marcelo Rebelo de Sousa criador desta escola) como fim último da política e dos políticos, o negro e incontrolável “financiamento dos partidos”, a ignorância, a promoção de criaturas medíocres no seio dos partidos, a utilização dos cargos políticos para projecção pessoal, o vazio de gestão, a ausência de visão e de projectos, a total cedência aos interesses, o receio de dizer não, o pânico da mudança, geraram este pântano onde estamos. Não é, infelizmente de hoje, são várias as camadas de lôdo.
Por esse motivo não é possivel ao PS limitar-se a fazer o mesmo. Aqueles que se prendem a estéreis discussões em torno da imagem do líder dos socialistas, discutem o pormenor, esquecem o essencial.
Apresentar um projecto para Portugal e cumpri-lo é esse o designio do PS. Não é sequer necessário inventar nada, os problemas estão diagnosticados, as reformas identificadas. Basta querer mudar. Não podemos aceitar a mediocridade como uma fatalidade.
Há em Portugal personalidades crediveis e conhecedoras que poderão dar corpo a esse projecto. Assim de repente, confesso que gostaria de ver, por exemplo, um homem como Medina Carreira à frente das Finanças.
Para o bem de Portugal espero que os socialistas não desapontem, não desiludam. Se o fizerem provam que não merecem ser alternativa e que fazem parte do problema, não da solução!

 

HÁ VIDA PARA ALÉM DO PSD

O clima político que vivemos, é bom que o sublinhemos, tem como único responsável o PSD.
Santana Lopes tornou-se o primeiro-ministro mais incompetente de Portugal, não me parece que seja de outro partido (ainda que teime em utilizar uma denominação muito sua).
A fuga de Barroso não foi provocada por outra organização política.
Não foi também nenhum outro partido que manteve num prudente silêncio os principais responsáveis do PSD (honra seja feita a Pacheco Pereira, e com menos ênfase a Manuela Ferreira Leite, Miguel Veiga, Marques Mendes e, claro, Cavaco Silva).
Por esse motivo só posso perceber como dirigida ao seu partido o que JPP publicou hoje no Abrupto.
A verdade, por mais dolorosa que ela possa ser, é que foi o PSD quem nos conduziu para este pântano indiscritivel. Com que legitimidade podem vir agora pedir uma oportunidade mais? Estarão esquecidos que Durão Barroso se apresentou ante o eleitorado com uma equipa que propunha efectuar uma radical mudança? Quais foram os resultados? Que capital de credibilidade poderão apresentar nestas eleições?E Cavaco Silva? É suportável que escreva o que escreveu no Expresso e assobie para o lado, negando tudo o que afirmou então?

 

DEIXEM-NO "TRABALHAR"

O que fazer a Santana? Eis a angústia do PSD.
Santana tem promovido o mito de que será imbatível em eleições. Se fôr afastado da liderança do partido tê-lo-emos na Câmara de Lisboa lembrando constantemente que teria ganho o escrutínio de Fevereiro. Em certo sentido seria bom que levasse até ao fim a farsa que protagonizou, para que o eleitorado português, de uma vez por todas, lhe mostrasse o que vale!

2004-12-02

 

A INTUIÇÃO

Dias Loureiro veio à RTP dizer esta coisa extraordinária: em Julho Santana Lopes intuiu que o Governo não iria durar muito. Não percebi se pretendia elogiar ou criticar Santana!

2004-12-01

 

BARROSO: O PECADO ORIGINAL

Vale a pena recordar que estamos em crise política e num impasse há seis meses. Na verdade, desde que Durão decidiu sair, não houve mais estabilidade.
Aqueles que se agarram a argumentos formais explicando que a solução, dentro do PSD, teria de passar pelo vice-presidente do partido (Santana Lopes) esquecem como Barroso procurou impor Santana como se tal fosse a opção única. Aliás, a rapidez do processo levou Manuela Ferreira Leite a considerá-lo um autêntico golpe de Estado.
Continuo a ver em Durão o principal responsável deste descalabro político. A sua aceitação de um cargo, na sua opinião mais importante, pode ter sido legítimo em termos pessoais, mas coloca uma questão que no meu entender deverá ser alargada a todos os eleitos para cargos políticos: a exigência de um compromisso.
Quem se apresenta ante o eleitorado, individualmente ou numa lista colectiva, deve à partida assegurar o seu compromisso para o cargo a que se candidata.
Quebrar esse compromisso deverá ser punido moralmente. O exemplo de Barroso, necessitará ser lembrado, exactamente por aquilo que representou: a quebra de um compromisso e a imposição vergonhosa de uma “solução” que tinha a obrigação de saber inviável.

 

COMEÇAR DE NOVO

O PS terá oportunidade para iniciar um tempo novo. Evitando apresentar-se ao eleitorado com promessas tontas e demagógicas, poderá arriscar um programa sóbrio com fôlego de longo prazo. Os portugueses estão sedentos de credibilidade e necessitam acreditar num projecto sólido, aceitando que lhes digam a verdade e não que lhes prometam a lua.
Há condições para uma mobilização forte do eleitorado.
Se souber identificar os problemas do País, se souber apresentar soluções (dolorosas que sejam), e tiver genuínos desejos reformistas, o Partido Socialista estará em condições de ganhar as eleições e tornar-se, porventura, no Governo com mais força em Portugal. Dificilmente se reunirão, de novo, as condições para tal. Esperemos que não desperdice esta oportunidade única. Esperemos que esteja à altura dos desafios!

 

SANTANA & PORTAS A HISTÓRIA TRISTE DO DUO MARAVILHA

Santana Lopes, já o escrevi aqui várias vezes, não percebeu o total alcance do suplício em que esteve envolvido e prepara-se para se apresentar como líder do PSD nas próximas eleições! Neste momento o seu partido anseia vê-lo pelas costas (excepto Luís Filipe Menezes, mas com amigos como estes...), está a ser criado um movimento de apoio a Cavaco Silva que se tornará cada vez mais forte nos próximos dias. Bastará a Cavaco dar um pequeno sinal, e terá consigo todos aqueles que aclamaram Santana no Congresso de Barcelos (valha a verdade que também não regatearam aplausos a Marques Mendes, que isto é gente muito dada).
As chamadas bases dos partidos têm terror à ausência de poder, Cavaco trará consigo o doce perfume de um poder mais durável e sustentado, o que é música para os seus ouvidos.

Portas já mandou avisar: o estabelecimento encerrou por motivos de força maior, abrimos amanhã.
Arrumou diligentemente a malinha, convocou a sua “entorage” e estará (presumivelmente toda a santa noite) discutindo o amanhã.
Não perca tempo, o seu tempo terminou, para nossa felicidade.
Poderá aparecer amanhã, num número de circo, colocando carinhosamente a mãozinha no peito e ensaiar a pose do lacrau, deixando entender que discordava do rumo do “Governo”, insinuando que os ministros do seu partido, esses sim, seriam muito competentes, poderá dizer o que entender, o País estará mais preocupado com assuntos mais sérios. Este senhor será recordado como um ponto negro na nossa Democracia.
Esperemos que o País tenha ganho anticorpos e reforçado as suas resistências para que não tenhamos de sofrer mais a entrada clandestina desta gente no Governo de Portugal.

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