2004-12-10

 

PEQUENA POLÍTICA

Hoje o Presidente da República fará uma comunicação ao País para apresentar as razões da sua decisão. Só isso verdadeiramente interessa. Discutir a forma escolhida pelo Presidente para conduzir este processo, ou mesmo se deveria ter falado antes, é discutir o acessório, tentando esquecer o essencial. A ninguém escapava a inevitabilidade deste desenlace. Sampaio deu todas as condições para que esta maioria governasse, tudo o que correu mal (desgraçadamente mal) foi exclusivamente devido à incapacidade do senhor Santana Lopes. Perante esta realidade, o PSD despertou os demónios da pequena política, num jogo de chicana e da “chico-espertice”.
A entrevista de Morais Sarmento ao Diário Económico constitui um excelente exemplo desta estratégia. Ignorando, por agora, o título escolhido para a referida peça ou a argumentação pobrezinha, há contudo, um momento revelador. Sarmento refere a propósito da decisão de Jorge Sampaio que não tem “dúvidas que quando tomou a decisão tentou encontrar a melhor decisão para o país”, encenando o papel do polícia bom para então sim, dizer ao que vem, ainda que sob a capa da insinuação “não tenho dúvida que o fez animado disto e não de qualquer maquiavélica intenção de favorecer os calendários de substituição do líder socialista, que em Julho debilitado estava e poderia não ter condições de disputar eleições e que agora já refrescada, uma nova liderança, legitimada...” claro, que deixa, logo a seguir, um prudente “não subscrevo”.
Morais Sarmento estará provavelmente muito orgulhoso desta “habilidade” entenderá, porventura, que foi muito inteligente. A meu ver, não percebe que é isto que constitui a pequena política. A táctica de “dizer, não dizendo” é, talvez, uma das suas mais torpes expressões, rouba aos políticos frontalidade e coluna vertebral, deixa-lhes muito pouco.

(P.S. Sobre a encenação de Paulo Portas com os chaimites vale a pena ler José Pacheco Pereira)

Comentários:
Parece que não vamos ter que esperar pelo livro das memórias de Sampaio para saber as razões da dissolução do parlamento mas indo ao essencial e associado a entrevista de Sarmento. Estes homens são perigosos em especial Santana Lopes está acossado e como tal tornou-se mais perigoso. Permitir que este homem continue a chefiar um governo é fazer deste último uma central de publicidade nos próximos dois meses. Vai oferecer o que não tem e dar o que não pode, vai vitimizar-se esperando que a pena dos portugueses se transforme em perdão, eis a receita e lembre-se que os portugueses, independente do seu estoicismo, tem memória curta, o que hoje se vive amanhã se esquece.
Lagrima.blogs.sapo.pt
 
Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?