2005-01-13

 

SÍNDROMA DA RÃ

Observando a nossa realidade ocorre-me o chamado “síndroma da rã”.
Coloque-se a rã em água tépida, aumentando, progressiva e lentamente, a água de cozedura, e teremos a rã cozida viva.
Receio que a sucessão de tonterias, absurdos, incompetências e brincadeiras que assistimos com desusada regularidade, por alguma da nossa “classe política” tenha como resultado último a inevitável redução do nível de expectativas até ao limite. Essa redução equivalerá ao aumento da temperatura da água.
Teremos um grau de exigência tão baixo da política e dos políticos que seremos tentados à perigosa e incorrecta generalização, tão própria daqueles que se deleitam a incluir todos os políticos numa espécie de saco de gatos.
Essa fragilização encerrará perigos que não podemos esquecer. A diminuição do primado da política poderá abrir a porta ao reforço de outros poderes sem escrutínio, e sobretudo, sem controlo.
É por isso que considero inaceitável o caminho que trilhamos. A implosão do sistema político a que assistimos e que se vai tentando observar (muito humildemente) nesta Abnegada “casa”, parece-me que não é mais do que a manifestação deste “síndroma da rã” desgraçadamente aplicado à nossa sociedade.

Comentários:
É exactamente esse o meu receio. Neste momento, o que estes senhores estão a fazer à democracia é muito grave. Como já escrevi, esta sucessão de actos aberrantes pode conduzir à eclosão de fenómenos de populardade de grupos radicais que anseiam por um qualquer ditadorzeco... veja-se a recorrência com que, cada vez mais, se ouve, perante o desmando dos políticos actuais, suspirar pelo ditador de Santa Comba (que a terra lhe seja pesada).
 
Direi mais: este caminhar para o vazio só exponencia a prova de que estas criaturas, de políticos, não têm nada.
Só vêem o imediato, um palmo adiante do nariz. Não conseguem ver além do momento seguinte ao efeito.
 
Compreendo essa preocupação, como hoje entendo melhor, por que foi que, em 28 de Maio de 1926, praticamente ninguém soltou um ai pela democrática república, apesar da coluna ter levado uns bons dias, desde Braga até à capital. Da mesma forma, em 25 de Abril de 1974, quase ninguém esboçou um gesto para defender o regime, que, ao fim de tanto tempo, fatalmente, apodrecera...

Como sairemos agora desta nova podridão, proibidos que estão os golpes militares, pelo Directório de Bruxelas ? Logrará a Democracia XXI artes de se reformar a si mesma, sem empurrões façanhudos ? Sei que é um tema avesso a bons sentimentos e a pias intenções, mas não estamos impedidos de pensar... Até o D. Mário Soares já anda com estes sobressaltos... Quem diria ?
 
Nada melhor do que estarmos atentos ao nível de comentários que esta situação começa a provocar para nos apercebermos do quão perigoso é este caminho de drástica redução do nível de expectativas!!!
 
Pegando na sua metáfora social, a minha duvida é na temperatura em que a panela se encontra. Há um vazio do poder político o que tem feito da democracia um rotulo e não uma pratica, ora os vazios não tendem a perdurar e a sua ocupação quando feita fora do contexto democrático é sempre grave. Temos três soluções ou esperamos um D.Sebastião o que não me parece muito saudável, ou reformamos o sistema o que não se afigura no horizonte, ou por último caímos numa instabilidade social que vai degenerar em conflitos o que pela inércia vigente parece o mais provável.
Vitor José
 
Ops!... Vi, agora, que me esqueci de identificar-me, quando comentei esta entrada. É o comentário das 19:13, que está como anónimo... o anterior ao do JRD.
DespenteadaMental
 
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