2005-01-25

 

UM MAL DE ÉLITES

Retenho deste fim-de-semana a entrevista de Marçal Grilo ao programa “Diga lá Excelência”.
Ficou clara a sensação de estarmos perante alguém com densidade, com opiniões que se percebe serem fruto de meditação, saber e argúcia.
Da entrevista ficaram algumas ideias interessantes, mas houve uma observação que destacaria.
Dizia Marçal Grilo, a propósito das nossas elites, que o problema não é a sua inexistência ou reduzido número (aliás referiu – e bem – que temos hoje mais elites do que há 20 anos) antes um aparente desdém pelas coisas nacionais, como se Portugal (os seus problemas) representasse, para estas criaturas, um qualquer desprezível provincianismo. Estou de acordo com esta observação.
Não querendo entrar na discussão acerca do que são as élites, a verdade é que observo com regularidade, o ar distante e de critica assaz pejorativa com que as coisas deste país (essa piolheira, no seu douto parecer) são vistas por uma certa sociedade supostamente bem pensante. Uma postura de pretensa superioridade colocando-se numa ilusória posição de cidadãos do mundo, abusando dos galicismos e anglicanismos, para quem a defesa do que é português surge como sinal de grande ingenuidade.
É o retrato de uma élite que, obviamente, dispensamos.

P.S. No final da entrevista não consegui impedir que fizesse, mentalmente, uma comparação com o entrevistado da semana anterior: António Carrapatoso. A diferença é abissal. A verdade é que não retive nada (mesmo nada) de substâncial da intervenção de Carrapatoso. Mas, claro, tal dever-se-á, certamente, à minha memória que de tão sobrecarregada de trabalho, por estes dias, teima em não dar resposta...

Comentários:
Carrapatosos, Mexias, Vaz Guedes, Pinas Mouras, Guterres, Sócrates, Vitorinos, Barrosos, Santanas, etc.( Poderíamos prolongar a nomeação muito extensivamente ).
- Que tem de comum toda esta gente ?
- Vacuidade, presunção, verbo ligeiro ( nem todos ) e frouxidão de carácter.
- Que fizeram pelo país, de verdadeiramente válido, que justificasse as mordomias do estatuto que alcançaram ?
- Nada, pouco ou muito pouco.
- Que fixará deles a História do nosso tempo ?
- Nda, pouco ou muito pouco. Talvez breves linhas num qualquer compêndio escolar.
 
Caro Luís,
Tive pena de só ter visto a parte final da entrevista, mas do que ouvi, confesso gostei.
Mais, devo confessar que, se o primeiro Governo de Guterres foi bom, um dos melhores, sem sombra de dúvidas, foi Marçal Grilo na pasta da Educação.
Pena que só tenha ficado quatro anos. Mas o tempo que esteve, não só esteve à altura do cargo, nunca, como naqueles quatro anos um Ministro da Educação foi tão bem cotado pelos diversos agentes educativos.
O livro que publicou, após a sua saída, "É difícil sentá-los" é, também, uma "pérola", do seu mandato e de como assinalou, por vezes, a falta de qualidade da maioria dos nossos parlamentares, com alguns excepções.
Tenho admiração pela forma de Eduardo Marçal Grilo.
Não é uma pessoa fútil, que cai nas intervenções banais. Pelo contrário. Tem muita substância e diz, sem qualquer ofensa, o que pensa. Como foi o caso, no domingo, dos Reitores das nossas Universidades. Deviam ser pessoas de fora das Universidades. Uma forma, correcta, de combater o corporativismo existente.
Quanto ao senhor que foi entrevistado há mais de uma semana, do Compromisso patriótico que se vende por dois torrões de Alicante, caro Luís, há algo que ficou da entrevista. Pelo menos essa parte retive.
É que, os tais senhores, que têm, como se sabe, remunerações astronómicas (não é este ponto que está em causa por que naturalmente devem ser remunerados pelo trabalho que desenvolvem), não investem um cêntimo das suas "fortunas" em qualquer negócio pessoal. Limitam-se a gerir.
Depois é sempre o Estado que carrega com o "fardo". Então e o tão necessário investimento privado, fundamental para o crescimento económico do nosso país, onde está?
Falar dos outros, é fácil. Investir do próprio bolso, é mais difícil.
Lógicas!
P.S.- Peço desculpa pela extensão do texto.
 
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