2005-01-11

 

UM VENTO (OU UMA MARÉ)

O chefe de gabinete do ministro apressa-se a enviar uma nota convocando os jornalistas. Com intensidade dramática, marca-se a conferência de imprensa para as 22h00, uma hora e meia depois de emitido o toque a reunir nas redacções. Atrasado, o ministro senta-se e depressa diz ao que vem, recordando o que entende ser um “trabalho que fala por si”. Detém-se na recordação dos momentos (que julga emblemáticos) do seu serviço “com muita honra” no “governo”. O olhar a trair uma emoção cerebral, quase felina, prometendo luta. A afirmação seca de que teria “naturalmente” pedido a demissão ao senhor primeiro-ministro, que num arremedo de grande dignidade lhe teria reafirmado a sua confiança. Mais aliviado, o senhor ministro, ensaia uma ligeira inclinação para a frente, espécie de momento em suspensão antes da grande comunicação. Acto contínuo, levanta-se e encerra a comunicação ao país.
Eis um vento (ou uma maré) que muito graciosamente fez questão de comunicar ao país que tinha tomado pela mão o senhor primeiro-ministro “por Portugal”.

Comentários:
Luís, acabei de assinalar o 'sentido de Estado' do mergulhador. Logo agora, que o Parque Mayer está como está, é que estes 'musos' inspiradores do burlesco estão em franca actividade. Que desperdício!...
 
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