2005-06-18

 

CREPÚSCULO

O senhor Manuel Maria Carrilho carrega dois males capitais: uma incomensurável (e inexplicável) vaidade, assim como uma estranha incontinência verbal.
Qualquer equipa responsável por uma campanha eleitoral, desde que minimamente habilitada, começaria por compreender os pontos fracos e fortes do candidato, procurando mitigar os primeiros, desenvolvendo e promovendo os últimos.
Ora, o que podemos perceber dos primeiros sinais da campanha autárquica do senhor Carrilho é que este foi deixado em roda livre (forma outra de dizer que lhe foi atribuída a liberdade para desenvolver a sua capacidade para o suicídio político).
Carrilho espalhou pela cidade de Lisboa 240 vistosos cartazes com a sua fotografia, trouxe um vídeo caseiro para animar o anúncio oficial da sua candidatura, e ocupa-se agora de guerras de alecrim e manjerona nos jornais.
Na quinta-feira no “Público”, hoje no “Expresso”, deu livre curso ao auto-elogio dramaticamente confrangedor e soltou os seus demónios em forma de insulto num linguajar pobre e chão.
Confundindo a frontalidade com lamentáveis acertos de contas, tem ocupado todo o espaço que lhe foi atribuído nestes desgraçados exercícios, sem que se tenha dado ao trabalho de apresentar o seu projecto, ou sequer uma ideia.
Toda esta angustiante série não passa, com certeza, despercebida no Largo do Rato. Fica a sensação de haver uma deliberada vontade de permitir que o candidato mostre o que vale, que demonstre a sua verdadeira natureza para os (poucos) que ainda não a conhecessem, liquidando qualquer sonho impossível que pudesse acalentar de altos voos partidários. Mais tarde, talvez, entrará em cena uma equipa de “bombeiros” que tentará apanhar os cacos e controlar o dano.
O senhor Manuel Maria parece, assim, cumprir o desígnio que alguém lhe desenhou: desaparecer de cena.

Comentários:
O narcisismo deste senhor é impressionante. O problema está que, até desaparecer de cena, ainda vai fazer muito estrago. Entretanto, as oportunidades de se fazer política com seriedade, vão-se desperdiçando perdulariamente. E Lisboa não merecia isto.
 
Parece credível, esta teoria da conspiração com sede no Largo do Rato, mas convém não esquecer o que o Expresso confima hoje: houve um certo empurrãozinho do governo a Maria José Nogueira Pinto, com o objectivo de a deixar disponível para a candidatura autárquica.
Quanto ao filósofo, a CML é uma hipótese de o queimar enquanto se mantém entretido e longe das canelas do Governo. Mas vamos com calma, que ele é muito melhor do que Sampaio e veja-se ao que este chegou.
Há que ter uma certa calma com Carrilho, e deixar de lado a irritação que pessoas como ele tendem a provocar.
 
Dinis Maria ao poder! Já! Não é demagógico, não chateia como o papá, não se dá ares de intelectual, já vai à feira do livro, já é estrela de propaganda e não diz "cidadões". Luis, eu sei que este teu post é sério e merece um comentário sério. Mas, ultimamente, quando leio um post sobre palhaços, só me dá para apalhaçar. Um abraço.
 
Manuel Maria Carrilho não vai precisar do "apoio" das medidas impopulares do governo para perder em Lisboa. Já perdeu!
Aliás, nunca seria solução para Lisboa.
 
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