2005-07-05

 

INFERNO

Ouvir as declarações do senhor Jardim e levá-las à conta do seu desgraçadamente habitual desbocamento, poderá servir para amenizar algo que é grave, muito grave.
As palavras de Jardim têm o peso do cargo que ocupa, ao proferi-las confere-lhes dimensão oficial. Não estamos na presença de atoardas lançadas ao vento por um qualquer cidadão anónimo.
É, afinal, um representante da República que executa a mais antiga e vil estratégia: nos outros o mal, nos outros a fonte de todos os problemas.
Jardim solta os demónios, encabeçando o mais revoltante e infame caminho do inferno, lidera a gritaria demoníaca que outros “compreendem”, que outros ainda, seguirão.
Continue-se a diminuir as afirmações do senhor Jardim, continue-se a ignorar a fogueira que arde dentro de casa, e não nos admiremos quando depararmos com o incêndio que se avizinha, cumprindo as etapas conhecidas

Primeiro prenderam os comunistas,
E eu não disse nada porque não era um comunista.
A seguir prenderam os judeus,
E eu nada disse porque não era um judeu.
Logo vieram pelos operários,
E eu nada disse porque não era nem operário nem sindicalista.
E então meteram-se com os católicos,
E nada disse porque eu era protestante.
E quando, finalmente, vieram por mim,
Já não restava nada para protestar.

Bertolt Brecht

Comentários:
adorei o blog e concordo com as tuas palavras sobre o jardim.
adoraria ter o teu link no meu blog, se te parece bem diz-me qualquer coisa.
fico à espera da visita. :)
 
Caro Luís,
Nada melhor do que Brecht, numa passagem que dispensa qualquer outra abordagem.
 
Está lá tudo dito...
Brecht é genial.
 
Excelente, esta evocação de Brecht neste contexto.
 
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