2005-07-19

 

MINISTROS COMENTADORES

O ministro das finanças decidiu escrever um artigo de opinião, na edição dominical do jornal “Público”, utilizando uma linguagem que se presta a todas as interpretações. Entretanto, o excelso ministro dos negócios estrangeiros optou por um outro registo, acedendo ser entrevistado pelo “Diário de Notícias” deixando, aqui e ali, uma nota de algum desconforto, no mar de elogios que teceu ao primeiro-ministro.

Ambos se dedicaram à estimulante análise (e crítica) da praxis governativa. Ambos se dedicaram, com evidente prazer, ao exercício de observação.

Sucede que ambos são elementos do elenco governativo que decide colegialmente, não são (ou pelo menos não é suposto que sejam) comentadores.

Se o ministro das finanças pretendia "falar" com os portugueses, possui os mecanismos próprios para o fazer na sua condição de membro do Governo. Se o senhor ministro dos negócios estrangeiros entende que deve fazer reparos à acção governativa, deve efectuá-los todas as quintas-feiras com os seus colegas, podendo inclusivamente promover uma edificante (e recatada) sessão de catarse na Presidência do Conselho de Ministros.

Perante estes estranhos impulsos comunicacionais, poder-se-ão ponderar algumas hipóteses: ou são ingénuos e não imaginavam as interpretações que necessariamente teriam as suas palavras, ou estão interessados em deixar passar, subliminarmente, uma mensagem de incómodo, preparando uma eventual saída.

Qualquer das opções deixa profundamente inquieto o pacato cidadão!

Comentários:
No caso do Ministro das Finanças, cujo artigo não li, admito que tenha sido por inépcia política. No dos Negócios Estrangeiros, velha raposa sabida, deve ter sido outra coisa... Excesso de vaidade ou desejo incontido de mostrar-se au-dessus de la mêlé,talvez ensaiando outros voos...
 
Repara que hoje, em que a entrevista do Freitasé publicada na íntegra, as manchetes de ontem praticamente esfumaram-se!
 
O ministro das finanças está a abrir a porta para mais dois ou três alterações nos impostos e taxas moderadoras. O Freitas toda a vida ficou atravessado pelas derrotas políticas que teve, e como sabe que a esquerda não tem candidato à altura de Cavaco (nem mesmo o Vitorino) está a apalpar terreno para sondar a opinião pública.
Entretanto a CE está já apertar os limites para a convergência do déficit.
Por um lado ainda bem que alguém puxa as orelhas a alguém, mas aguardo para ver no que isto vai dar.
 
Luís,
Um já foi embora, o Professor não tardará a ter uma nova monumental derrota, que para o caso será a segunda.
Não tenho comentado mas sou diário.
Um grande abraço.
 
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