2005-07-20

 

UMA SAÍDA ANUNCIADA

O senhor Campos e Cunha foi exonerado. Pouco importa saber se por sua opção ou gentilmente empurrado. A questão que se coloca é apenas saber se era sustentável a sua presença no Governo. Não era.
Desde o primeiro dia, teimava manter uma postura de distância, parecendo vogar num espaço outro, fazendo uso da auréola de "técnico" que lhe permitia, volta não volta, deixar passar a sensação de que não corria na mesma pista do primeiro-ministro (que de resto corrigia com visível deleite).
Desde a apressada comunicação da inevitabilidade do aumento dos impostos (ainda antes de tomar posse), passando pelo inenarrável episódio da "reforma dourada" até ao "artigo de opinião", deixou passar um claro sinal de desalinhamento.
A fase particularmente difícil que vivemos exigia (exige) uma irrepreensível solidariedade entre o primeiro-ministro e o ministro das finanças. Manifestamente tal não se verificou e deixa um arrepio.
Sócrates fica mal neste retrato, seja pela escolha, seja por deficiente apoio ou acompanhamento. O certo é que o país observa espantado tudo isto, no exacto momento em que começava uma das mais exigentes e duras provas de resistência.
Entretanto, a escolha do senhor Fernando Teixeira dos Santos, parece-me acertada. Trata-se de alguém com o incontornável registo "técnico" de inegável capacidade, mas também com a imprescindível capacidade política.
O que se espera é a continuação da política que (aparentemente) estava em curso, sem qualquer tipo de tergiversação. O que vale por dizer: garantir que o senhor Jorge Coelho esteja confortavelmente distante do Governo, sem a tentação de aconselhar um oportuno "aligeiramento" da pressão "só até às eleições".
No fundo, a questão que se coloca é saber se Sócrates é capaz de gerir os destinos do País concentrado num rumo, saber se Sócrates tem a fibra suficiente para manter a coragem de seguir o caminho mais difícil, saber se Sócrates é capaz de dizer não. O primeiro-ministro não terá mais nenhuma oportunidade!


P.S. O estimável Manuel da Grande Loja oferece, com regularidade, delirantes teorias de conspirações várias. Sucede que a realidade o deixa muitas vezes a falar sózinho. É a vida caro Manuel.

Comentários:
Entrou, apertou e foi-se ...a banhos algures longe de Portugal, com um destino que a reforma da CGD lhe permite.
Sinceramente não deixa saudades, bem pelo contrário, a subida do IVA e outras medidas afins, sempre pesam alguma coisa.
 
As autárquicas estão perto... não tenho essa esperança de um percurso rigoroso!
 
a realidade ? qual realidade ?
 
ah...

Com que então a realidade é a média aritmética do que é publicado... Lindo raciocínio, sim senhor. Faz-me lembrar o daquele personagem da Matrix - que virou a casaca preferindo voltar à realidade (virtual) original porque ao menos lá tudo "batia" certo.

Também não me vale atirar-lhe com Platão, ou com as sombras na caverna. Você, clarividente, obviamente sabe tudo.
 
Pois, pois...


A não ser que tenha sido atingido pelo virús da preguicite aguda de que padece o Morgado Fernandes, releia o texto em que malhou, assim como os que o antecederam e se seguiram. Se se exceptuar o facto de o Sócrates se ter revelado mais "mole" do que até eu julgava (e nunca tive ilusões) - facto de que me penitenciei - os raciocinios permanecem totalmente válidos, pelo que gostava que elencasse as tais conspirações. Ah, sabe que mais, o Sócrates - segundo a Imprensa que tanto reverencia - soube mesmo a tempoe horas do "testamento" de Campos e Cunha.

Bom fim de semana.
 
ó homem, o Campos e Cunha foi ingénuo e crente (versão resumida) e o Sócrates refez as contas, virou a casaca, e sacrificou-o deixando-o cair. Capisci ?! O meu *único* erro for ter achado que o Sócrates tinha um pouco mais de coluna vertebral para resistir à conjuntura imediata, não teve. Ou porque acha que Sócrates convidou o C & C em primeiro lugar ?
 
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