2005-08-03

 

ELE(S) ANDA(M) AÍ

Há muito que está desconfortável, entende que os seus dias andam falhos de “influência”, sente uma espécie de formigueiro, uma indómita vontade de actuar, de jogar. Ainda se tentou convencer que se poderia retirar e comandar o país fazendo uso dos meios – afinal tão simples – que tantos anos de "praxis" lhe tinham ensinado. A principio foi descobrindo um confortável agrado no impacto dos artigos, comentários, e manipulações, parecia-lhe que poderia divisar uma interessante posição de “sage” da nação e apreciar, por fim, uma existência mais descansada, com o tempo subitamente elástico, permitindo uma dedicação a ocupações outras. Pois o tempo, esse grande arquitecto, acabou por esculpir a sua obra maior: a frustração. Foi-se apercebendo da construção que o tempo se encarregava de ir tecendo, minando-o por dentro, deixando-lhe progressivamente um amargo de boca.
E os amigos, o séquito, a recordar os dias andados na grande orquestra de que foi o maestro, a incentivar, a puxar, a desafiar.
E ele que começava a ser dominado pela inebriante saudade, pela fome e sede de poder, a dizer que sim, ele (e só ele) foi grande, ele (e só ele) foi capaz de conferir a esta “choldra” alguma luz – a sua, pois então.
E ele que se olhava no espelho e via reflectida a doce imagem de um mito.
E ele que sentia que o destino o sugava, que o convocava, que lhe exigia um mandato no palácio.
E ele que se mentalizou.
E ele que teceu a teia em longos meses de laboriosa filigrana.
E ele que avançou para o grande vórtice seguro que o país lhe cairia nos braços, desejoso da materialização do regresso de D. Sebastião já desfigurado da travessia longa de uma década.
Guiado por uma mão invisível, que afirma ser a nação, saíu do Algarve e foi recebido pelo Presidente da República de manhã e à tarde.
O modesto e simples cidadão que garatuja estas palavrinhas gostaria de lhes dizer que poderão contar com todos os votos, menos com o seu. É a vida!

Comentários:
O que me doi é que o desbaratador da nossa Pátria volte á ribalta e agora para que será?
Autorizou-se a negociar as colónias e seu "conteúdo humano" a seu belprazer; esbanjou a economia nas suas intervenções governativas; desautorizou a nossa Pátria internacionalmente; etc; etc.
Ainda tenho a esperança que a justiça histórica seja feita na Verdade!
 
Caro LS
A sugestão que deixa na sua frase final diz tudo! Mas, por enquanto, terá que esperar mais uns aninhos, enquanto o futuro retornado ganha o peso e o lustro da campanha internacional. Valha-nos S. Teotónio, que o volteio dos abutres não tem fim à vista!
Como bem diz, eles andam aí...
 
Nem o meu!
 
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