2005-08-17

 

O TEMPO QUE AÍ VEM

As próximas eleições presidenciais vão enfatizar a penosa realidade portuguesa. Cavaco e Soares corporizam um tempo que já foi, constituem mais do mesmo. Um candidata-se para “fiscalizar” o outro não quer “passeios triunfais”.
O simples facto de o país “absorver” estas duas candidaturas mostra bem o tempo que aí vem.
A geração que ocupa o poder político foi forjada na máquina (de)formadora das jotas. Quase todos não têm qualquer experiência profissional para além da política, vivem de e para a política, como se esta fosse o principio meio e fim. Foram construindo a sua “carreira” utilizando a cartilha que aprenderam precocemente. São políticos profissionais, sobrevivem numa realidade de fumo construída à base de inconsistências sem qualquer ligação ao “mundo real”. A sua incapacidade para imaginar a vida fora desta redoma implica a aceitação das “ordens” superiores, garantindo a sua eterna aquiescência, apenas interrompida pelas convenientes intrigas em “off” e malabarismos em jogos de bastidores. Para esta classe emergente, o país é apenas uma justificação para a existência da “nobre” função que desempenham.
Evidentemente, os partidos estão confortavelmente suportados por esta gente que se vai reproduzindo em circuito fechado.
A política vai-se encerrando às mãos destes “protagonistas”. Os partidos vão gerando apenas e só estes "quadros", que distribuem displicentemente pelos cargos disponíveis de governação e administração. Quando assumem essa responsabilidade, ocultam a sua insegurança socorrendo-se de "conselhos" de quem "sabe". Assim, aproveitam o conforto dos cargos, sem qualquer peso, saber, capacidade, ou vontade para contrariar os interesses (defendidos por “profissionais” capazes que encontram nesta degenerescência campo fértil para a sua rapina).
Cria-se um fosso crescente entre o país e os seus governantes. Este caldo começa por esgotar os protagonistas credíveis, para acabar em autofagia. Entretanto, vai deixando um rasto extravagante de incompetência e administração miserável mas, sobretudo, uma criminosa descredibilização da política que abre as portas a todas as desgraças.

Comentários:
Empregaste a palavra correcta: autofagia.
Este sistema esgotou-se, não há alternativa de poder, mas apenas alternância!
 
Tem razão, reconheço. Mas, como conhecemos todos a doença, não será melhor preocuparmo-nos com a cura?
:)
 
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