2005-09-07

 

DECLARAÇÃO DE INTERESSES

A senhora Barbara Bush decidiu deslocar-se a Houston para visitar as vítimas do furacão Katrina. No Astrodome, a mãe presidencial encontrou muitos residentes em Nova Orleães, que depois de abandonados e após sofrerem agruras indiscritiveis numa cidade em estado de sítio, encontraram ali um precário refúgio.
A senhora ficou “encantada” com o que viu, declarando candidamente que no imenso pavilhão “aquela gente” tinha melhores condições de vida do que antes do furacão, eram afinal, simples “desprotegidos”! (som das declarações)
A ingenuidade e indescritível estúlticia da senhora traduz, no fundo, o pensamento de uma multidão que se auto-satisfaz com o exercício da caridadezinha, que ocupa a ociosidade imbecil na contemplação do recorte das folhas, ignorando a árvore, desconhecendo em absoluto a existência da floresta. Para este conjunto de mentecaptos, a existência traduz-se numa equação que lhes é favorável. Na sua infinita ignorância, entendem que a pobreza, a existência de “desprotegidos”, constitui uma inevitabilidade divina que eles, na sua magnanimidade, ajudam a tornar mais "alegre" oferecendo uma esmolinha aos pobrezinhos. Assim confortam a sua sensibilidade, assim entendem ter reposto as coisas no seu equilíbrio celeste, regressando a casa com a aura de uma alma piedosa.
Lamentavelmente esta gente ocupa o poder nos Estados Unidos.
À luz destas ideias, deste pensar insano, tão singelamente alardeado pela inefável senhora Bush, talvez se compreenda melhor o descalabro humanitário dos dias pós-furacão, talvez se perceba melhor a argumentação dos senhores e senhoras “neo-liberais”.

Comentários:
Bem tento, caro Luís, mas é sempre difícil entender a morte.
A morte que nos mata um pouco todos os dias.
(...)
O resto está no Tugir.
 
Muito bom. Parabéns!
Não é só na América, é por esse mundo fora. E não é só uma questão de governantes, mas de consciência social.
 
Excelente post.
Acredito que a blogosfera contribui para uma cada vez maior e melhor tomada de consciência, em prol duma luta contra a indiferência.
 
Correcção: queria dizer
indiferença
 
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