2005-10-16

 

O ACASO E O OCASO

Desculpe-se a banalidade do título, para estórias tão interessantes.
O acaso foi contado pelo Jornal do Fundão e teve lugar nas faldas da Serra, em Manteigas. Ali, o candidato do PS anda inconsolável. Esmeraldo Carvalhinho sente que materializou o receio maior dos garbosos gauleses criados por Uderzo e Gosciny: caiu-lhe o céu na cabeça.
Nem outra poderia ser a interpretação de quem tinha a eleição praticamente ganha, certinho já o lugar de Presidente da Câmara, aceitando os cumprimentos e felicitações enquanto aguardava a certeza dos números - é só fazer as contas - e perde … por um voto. Nem mais, um voto! Repita por favor, não pode ser. Seja, façam lá as continhas. Somas bem calculadas, papelinhos contados. Um voto!
Assim, sem grandes explicações, o de Manteigas perdeu o lugar por um voto. Caramba, que parece bruxedo - poderia muito bem ter dito, fosse Carvalhinho homem dado a desabafos esotéricos.
Mas não terminaria ali a noite aziaga. Pouco depois, chegaria o senhor Albino Leitão, destacado elemento da sua equipa, desculpando-se pelo atraso, pois que tinha ido votar à cidade onde estava recenseado … Viseu. Eis que ali estava o improvável culpado pela derrota da sua própria lista.
O senhor Carvalhinho, aflito por necessidades tamanhas, afastou-se para lugar mais recatado e terá soltado, a plenos pulmões, os impropérios que se impunham.
Acasos, dir-se-ia, observando o infortúnio à distância.
O ocaso - imagem que se aplicará para a elegante estória de faca e de alguidar contada pelo muito bem informado Notas Verbais, numa saga a que chamou “mulher arranha”.
A coisa passou-se nos corredores de fina alcatifa em Estrasburgo. A senhora assessora do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, irrompeu pela sala, na importância dos seus passos. Um diplomata (português) barrou-lhe o caminho: alto lá, que a senhora só poderá entrar na Assembleia Parlamentar depois do discurso do Secretário de Estado. Que é lá isso? (terá pensado a assessora). Entre um distinto empurrão, e um aprimorado conjunto de palavrinhas (que fariam corar qualquer frequentador assíduo do cais do sodré), a senhora assessora arranhou, de forma gentil e asseada, a face do diplomata, garantindo-lhe um muito nobre e proeminente lanho.
Naturalmente, o caso não passou despercebido à imprensa local, que não se cansou de elogiar os modos chiques e educados dos altos quadros lusos, evidenciando outrossim, o primoroso e notável serviço que ambos prestaram à imagem do país que servem.
Evidentemente, o senhor Carvalhinho não soube da estória. Acaso a soubesse poderia ter oferecido o seu contributo para o ocaso, logo ali em Manteigas…

Comentários:
Li essa notícia no JF desta semana e desatei a rir. Pensei que daria um excelente post. Já está feito. :)
 
É caricato, mas verdadeiro... olha, nem sei se ria se chore!
 
A previsível euforia do adversário também será digna de nota...
 
Conheço o caso... mas houve qualquer coisa que não funcionou bem. Depois de contados os votos numa das freguesias chegou-se a conclusao que o número de votos para a assembleia minucipal, junta de freguesia e câmara nao coincidiam. Alem disso os votos desta freguesia (a mais pequena do concelho) foram os ultimos a ser divulgados... Coincidência?
 
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