2005-12-15

 

DEBATE (VI)

Mário Soares entende gozar de uma espécie de privilégio da contradição, talvez até acredite que constitua uma espécie de charme.
O homem que diz não pretender falar de Cavaco Silva, destinou-lhe uma prolongada arenga, convocando o candidato da direita para um debate onde deveria estar ausente. Insurgindo-se contra as perguntas que lhe eram colocadas, desejando falar de “coisas mais importantes”, compôs um ar de mestre-escola, questionando, de cenho cerrado, Manuel Alegre. Despertando uma bizarra visão do exercício de cargos políticos, entende que a presidência da República deve ser assumida por alguém com experiência. No meio de todo este frenesim, ouviu de Alegre a observação mais mordaz e mais simbólica da sua contradição endémica: “se há pessoa que dorme sossegada em qualquer circunstância é o dr. Mário Soares”.
Soares estava ali com um objectivo claro e evidente: minimizar a candidatura de Manuel Alegre, a todo o custo. Concentrou-se nas acusações, desafiando Alegre para uma refrega pouco dignificante, que este soube evitar.
No final, ufano, garantia aos jornalistas “ter vencido o debate”, porventura celebrando uma espécie de fantasiosa vitória antecipada.
Soares talvez acredite que assim foi, talvez creia que lhe basta decretar uma intenção, uma sentença, para que se torne definitiva. Sucede, contudo, que existe uma diferença profunda entre o (seu) desejo e a realidade.

Comentários:
O vencedor deste debate foi... Cavaco Silva.
 
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