2005-12-27
O CANDIDATO, POR ELE PRÓPRIO
P- Problema grave é o da deslocalização de empresas estrangeiras. Nessa matéria o Presidente pode ajudar?
ACS – Há uma coisa que pode ser feita em Portugal, que eu sei que já foi feita noutros países. Podia existir um responsável do Governo que fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações. Tem de ser feito por um secretário de Estado especialmente dedicado a essa tarefa.
P- Vai propor isso ao Governo?
ACS- Já o estou a propor aqui
ACS – Há uma coisa que pode ser feita em Portugal, que eu sei que já foi feita noutros países. Podia existir um responsável do Governo que fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações. Tem de ser feito por um secretário de Estado especialmente dedicado a essa tarefa.
P- Vai propor isso ao Governo?
ACS- Já o estou a propor aqui
In: Jornal de Notícias 27-12-2005:4
Neste pequeno excerto da entrevista de Aníbal Cavaco Silva ao Jornal de Noticias, não existe, em rigor, nada de novo. Aliás, estas declarações seguem a linha de outras entrevistas e intervenções públicas. Honra seja feita, Cavaco não engana: quem nele votar sabe perfeitamente que tipo de presidente resultará deste candidato. Um presidente que o próprio caracteriza (na mesma entrevista) como “treinador” alguém, portanto, mais próximo de primeiro-ministro. É simples e claro.
Neste trecho, é assumido clara e irremediávelmente o “estilo” que Cavaco desejará exercitar, caso seja eleito. Porventura enebriado com os resultados das sondagens, vendo-se já no papel de presidente, Cavaco Silva ensaiou uma nova abordagem, começando por dar conselhos (ou “propostas” nas suas iluminadas palavras) em entrevistas de jornal.
Cavaco vai esclarecendo como “cooperará” com o Governo: “propondo” medidas, novas secretarias de Estado e toda a sorte de ideias através de entrevistas, o que constituindo uma originalidade, não se vislumbra como promoverá a estabilidade e harmonia no país (que piedosamente afirma desejar).
Percebendo o erro de ter sido tão “claro”, Cavaco Silva entendeu dever “explicar” o inexplicável, contradizendo-se, pretendendo não ter dito o que de facto disse.
A candidatura de Aníbal Cavaco Silva não é outra coisa senão esta. Uma ideia complicada e errada do exercício do cargo presidencial, um tenebroso potencial para afrontar e dividir.
Quem nele votar, sabe certamente o sarilho que convocará.
É simples.
Neste trecho, é assumido clara e irremediávelmente o “estilo” que Cavaco desejará exercitar, caso seja eleito. Porventura enebriado com os resultados das sondagens, vendo-se já no papel de presidente, Cavaco Silva ensaiou uma nova abordagem, começando por dar conselhos (ou “propostas” nas suas iluminadas palavras) em entrevistas de jornal.
Cavaco vai esclarecendo como “cooperará” com o Governo: “propondo” medidas, novas secretarias de Estado e toda a sorte de ideias através de entrevistas, o que constituindo uma originalidade, não se vislumbra como promoverá a estabilidade e harmonia no país (que piedosamente afirma desejar).
Percebendo o erro de ter sido tão “claro”, Cavaco Silva entendeu dever “explicar” o inexplicável, contradizendo-se, pretendendo não ter dito o que de facto disse.
A candidatura de Aníbal Cavaco Silva não é outra coisa senão esta. Uma ideia complicada e errada do exercício do cargo presidencial, um tenebroso potencial para afrontar e dividir.
Quem nele votar, sabe certamente o sarilho que convocará.
É simples.