2005-12-18

 

O COMPANHEIRO VASCO

Hoje, no jornal Público, Vasco Pulido Valente decidiu dedicar a sua coluna à “análise” do candidato Manuel Alegre.
De todo o escrito conceda-se que tem alguma razão quando refere ter Alegre desapontado (não pelas razões que aduz, mas por que ainda não foi capaz de transmitir de forma cabal, nas suas prestações televisivas, as ideias e propostas que trouxe para esta campanha).
Todavia, a “análise” de Pulido Valente pretende apenas ser uma forma gratuita de denegrir Manuel Alegre. Na verdade, Valente socorre-se de dois argumentos (que considerará demolidores) para justificar a “irrelevância” de Alegre, “explicando” que a sua prestação televisiva “mostrou que não sabe nada de nada”; por outro lado, o articulista entende que sendo deputado e membro do PS, Alegre não pode reclamar “independência”.
Descontando a banalidade dos argumentos, conviria não esquecer alguns pormenores para evitar uma obnubilação da “análise”. Em 1995 Vasco Pulido Valente participou nas listas do PSD às eleições legislativas, em debate televisivo com José Magalhães não foi capaz de ir além das generalidades e confrangedora ignorância (sobretudo quando assegurou ser o ordenado mínimo 17 contos, quando na altura rondava 60 mil escudos), entretanto, a sua prestação como deputado no consolado de Fernando Nogueira não deixou registo relevante (para ser caridoso na apreciação).
Pulido Valente coloca-se numa posição desconfortável: acreditando efectivamente no seu método de avaliação, não ignorará que o mesmo deverá aplicar-se também à sua excelsa pessoa. Assim, tendo em conta a sua prestação televisiva somos forçados a inferir que o articulista “não sabe nada de nada” (utilizando a sua própria terminologia pueril). Por outro lado, suportando-nos na sua experiência como deputado, não poderemos concluir senão pela sua falta de “independência”.
À luz dos seus próprios critérios, a “análise” de Pulido Valente seria “irrelevante” e contraditória. Sucede, que não é correcto seguir esse fio de raciocínio.
O cronista consegue, certamente, fazer bastante melhor do que apenas esta peça esforçada ao estílo de um companheiro Vasco.

Comentários:
Vasco Pulido Valente é uma figura muito contraditória, de facto. Fez V. bem em recordar a sua passagem pelo Parlamento, de que eu já quase me esquecera, de tão irrelevante que foi. Sucede que uma coisa é falar, discursar, e outra, escrever. Neste particular, VPV consegue, por vezes, ser brilhante, de argúcia e contundência, arrasando adversários ou ícones diversos da República, sempre sem qualquer coerência ou acção consequente. Para isso, não contem com ele. Daí que se esgote na verrina e se compraza na iconoclastia.Valha-nos, no entanto, a sua proverbial irreverência, que o leva a afrontar figuras ou temas que poucos ousam sequer tocar. Não temos muitos comentadores assim tão imprevisivelmente irreverentes. Muitos há, que são insuportavelmente previsíveis nas suas idiossincrasias. Reside nisto, a meu ver, a sua grande utilidade social. Quanto ao resto, concordo que carece de coerência e não tem propensão para construir seja o que for. Mas, cada um é para o que nasce, diz o Povo, provavelmente aqui, com razão.
 
É um facto que VPV não representa nenhum exemplo como deputado da nação. Também ninguém o imagina como candidato a Presidente da República. Mas é verdade que na escrita é contudente, roçando, não poucas vezes, o brilhantismo. Na crónica que o Luís analisa, ele limita-se a fazer uma apreciação que não está, na minha opinião, muito longe do que eu penso sobre o Candidato Manuel Alegre. E há uma diferença; VPV demitiu-se do lugar de deputado.
 
Certamene que VPV foi um péssimo deputado. Meteu-se onde não devia. Desse pecado não se livra, na minha óptica.
Mas VPV é dos mais lúcidos analistas/comentadores da nossa praça. E escreve de modo brilhante. Tem sempre razão? Não, claro. Mas deixa-nos grandes textos.

Manuel Alegre também nos deixa grandes textos. De teor diferente - poéticos.
Como deputado não vale mais, ao fim de 30 anos, do que valeu VPV em meia dúzia de meses.
Manuel Alegre, politicamente, é um pateta. E como deputado é um parasita porque obviamente é daqueles que nada faz nem nada fez.
É um figura a quem o PS dá sustento. Ou deu. Vive há 30 anos à custa do PS e do Estado e, por isso, VPV tem razão num ponto. É escandaloso o discurso de independência que o sr. Alegre agora faz, ele que é um dependente - do PS.
 
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