2006-01-26

 

"CONTINUAÇÃO"

Talvez um dos mais perversos cumprimentos que povoa o nosso dia-a-dia seja o estranho “continuação”.
Pagamos o jornal e com o troco somos despachados com um enigmático “continuação”.
Cordatamente desejamos os bons dias e, não raras vezes, alguém nos responde “continuação”.
Tenho para mim que estamos na presença de uma cínica parceria no desconforto. Na verdade, neste país com índices de melancolia superiores a qualquer outro da Europa, o mais certo é termos neste “continuação” um maquiavélico desejo de persistência da maleita, disfarçado, evidentemente, com um sorriso.
Por cada “continuação” morre-nos na boca a pergunta, falha-nos a força para questionar: “continuação” de quê? “Continuação” desta miséria, “continuação” desta dormência, “continuação” deste atraso? E isso é coisa que se deseje a um semelhante, caramba?

Comentários:
Insuportávwel, essa do "continuação".
 
Chego aqui via RPS (do comentário anterior) e do seu "Fado Falado".
Para mim o "Continuação" é o outro lado do não menos irritante "Tá tudo?".
Dois tipos encontram-se pela manhã no café, antes de irem para o trabalho, e travam este diálogo:
- Então, tá tudo?
- Tá tudo.
- Então, continuação.
- Continuação.
 
Então e a expressão final, para mandar o outro embora: então vá...

Então vá...à merda
 
Aproveiro para lembrar outra expressãom muito usada: Fulano é muito honesto

E se for só honesto: é desonesto ?

Posso se um bocadinho honesto (noutras sou um vigarista) ?

Mas se for muito honesto é porque sou SEMPRE honesto

Por exemplo:

« Que acha de jorge Coelho? »

« Não conheço lá muito bem, mas acho que é um homem honesto...»

« Muito honesto ? ».

« Sabe, eu não o conheço bem...»
 
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