2006-01-25

 

DAS MIGALHAS

A tangencial vitória de Cavaco Silva despertou um intenso e curioso movimento de “migalhização” (perdoe-se o neologismo) na direita da direita.
Observando os resultados, percebendo que a diferença entre a vitória e a segunda volta tinha sido ínfima, rapidamente surgiram os putativos pais das “migalhas”.
Na segunda-feira o esclarecido e ufano Ribeiro e Castro partilhava a sua alegria, explicando que sem o apoio do PP, Cavaco não tinha ido lá.
Hoje, um indignado e ofuscado Manuel Monteiro, foi mais longe nas contas, sublinhando que a segunda volta foi evitada por “31 mil votos”. Ora, sabendo os senhores do PND que o seu partido havia alcançado 42 mil votos nas legislativas, pareceu-lhes óbvio que tinham sido os obreiros do resultado de domingo, atribuindo à "ingratidão" de Cavaco a omissão de referência ao esforçado partido, no seu discurso de vitória.
Não surpreende este ridículo exercício de prestidigitação. Arrumada num sombrio espaço, esgotada pelo ensaio tosco de populismo, despedaçada pela demoníaca “coligação” com o PSD, a direita da direita voga hoje sem rumo, sem causas que verdadeiramente a justifiquem.
Este movimento de “migalhização” não é mais do que a exibição de uma falência - uma falência perigosa. Em breve despertarão aqueles que exigirão “mais energia”, "mais vigor", na defesa da direita dos interesses. Em breve aí estarão, recuperando e acentuando o discurso radical.

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